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The Last of Us Part 3 - Vol. 17 - Ellie

  • Foto do escritor: Kevin de Almeida
    Kevin de Almeida
  • 28 de dez. de 2021
  • 17 min de leitura

Atualizado: 13 de jan. de 2022





THE LAST OF US

PARTE III

FANFIC



AVISOS E DIREITOS AUTORAIS



Esta é uma obra feita por fã e sem fins lucrativos.

Todos os direitos da marca THE LAST OF US são pertencentes à Naughty Dog.

Qualquer um pode ler esta obra de forma gratuita. Porém a detenção dos textos para divulgação desta fanfic é de única e exclusiva autoria do Autor (Kevin de Almeida Barbosa) nas seguintes plataformas:



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@thelastofus.part3


Esta obra levou dois anos para ficar pronta. Muito tempo, trabalho, esforço, estudos e gastos (revisão, edição, capa, divulgação) foram investidos para que pudesse chegar até você de forma gratuita.

Peço que respeitem o trabalho, NÃO divulguem de forma irregular e incentivem esta iniciativa.

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Comentários tóxicos, xingamentos e palavras de baixo calão usadas com cunho ofensivo não serão tolerados. A obra tem como intuito entreter, divertir e aproximar os amantes de THE LAST OF US.

Está é uma obra de ficção. Os fatos aqui narrados são produtos da imaginação. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, locais, fatos e situações do cotidiano deve ser considerada mera coincidência

Agradeço a compreensão e respeito de todos e desejo uma excelente leitura.


Autor: Kevin de Almeida Barbosa — Instagram: @escritorkevindealmeida

Capa: Rafael Cardoso — Instagram: @r.c.dossantos

Revisão: Beatriz CastroInstagram: @beatrizcastrobooks


PS- Infelizmente estou DESEMPREGADO. Quer ajudar/incentivar o desenvolvimento desta obra? Faça um pix de qualquer valor pro e-mail escritorkevindealmeida@gmail.com e já me ajudará muito a manter este projeto em andamento. Obrigado de coração e boa leitura!



Vol. 17

ELLIE



Lentamente foi retomando a consciência. Os olhos se abriram calmos e vislumbraram um cenário familiar. Ellie reconheceu seu armário, suas roupas no chão e seus inconfundíveis pôsteres. Estava em sua cama... tão macia. Não que seja algo de outro mundo, mas comparado ao chão e folhas que estava acostumada a dormir nas viagens, sua cama parecia plumas divinas.

O ambiente estava calmo, mas o silêncio foi quebrado por batidas na porta. Ellie sentia seu corpo muito pesado e a cada vez que tentava levantar da cama, mais afundava.

— Entre! — ordenou Ellie, desistindo de levantar.

A porta se abriu e um homem alto, barbado e de jaqueta marrom entrou.

— Oi... Como você está? — A voz familiar amaciou seus ouvidos e lhe trouxe tamanho conforto.

— Joel?! Pensei que hoje era seu dia de patrulha.

— E é... Tommy me esperando do lado de fora. Eu só quis dar uma passadinha aqui antes. — Puxou uma cadeira e se sentou perto da cama de Ellie.

— Eu bem... Eu acho. — Levou a mão à cabeça que doía.

— Achei estranho você não aparecer pra ver Máquinas Assassinas 5. Mas sua cara de ressaca explica tudo. — Riu de forma melancólica.

— Era hoje?! Desculpa, Joel! Eu... não sei onde tava com a cabeça. A gente pode remarcar pra hoje à noite?

— Tudo bem, Ellie. Acho que você não tem mais paciência pra esses filmes bobos.

— Não! Quer dizer, eu tenho, sim. É que... — interrompeu pondo novamente a mão na cabeça. Uma apontada tirara sua atenção.

— Tem certeza que você bem?

. Olha, hoje à noite, Máquinas Assassinas 5 - O Retorno de Herbie; eu levo a pipoca.


——— Pág 1 ———


— Desculpe, garota, mas não vai dar.

— Então, amanhã, qualquer horário.

— Não dá mais, Ellie.

— Como assim “não dá mais”?

— Você cansou de mim. — O nariz de Joel começou a sangrar.

— Joel... Eu não...

— Você me odeia... Pelo o que eu fiz. — Seu olho ficava roxo gradativamente.

— Não é isso... — As apontadas em sua cabeça pioravam. Sua respiração apertava pouco a pouco.

— Por que você deixou ela fazer isso comigo? — A voz de Joel se enchia de emoção. Um toque de desespero no fundo.

As paredes do quarto de Ellie começaram a descascar. A madeira era tomada por uma vidraça embaçada pela tempestade de neve que castigava o lado de fora. Seu tapete se liquefazia em sangue e seu violão se tornara um taco de golfe. Ellie sentia sua cabeça explodindo internamente.

— Por que você deixou ela fugir, Ellie?! Por que não me vingou? — Joel a pressionava ferozmente. Seu rosto inchado e sangrando. — Você me abandonou!

— Eu não... Joel... por favor...

A porta dos fundos se abriu. Abby entrou no cômodo, pegou o taco de golfe e andou lentamente em direção a Joel.

— Por que você deixou ela me matar, Ellie?! Você não fez nada! — Ao mesmo tempo que Joel berrava com Ellie, ao fundo, em eco, escutava-se os gritos de agonia de Joel junto aos sons de pancadas sequenciadas. Sua mente era bombardeada de memórias confusas que a torturavam. O cheiro de sangue, os flashs do rosto espancado de Joel, o som das batidas.

— ABBY! PARA! NÃO FAZ ISSO! NÃO MATA ELE!


——— Pág 2 ———


— Isso é culpa sua! Você não me salvou! Você me abandonou, Ellie! — Joel chorava desesperado enquanto Abby levantava seu taco de golfe e descia com força, cravando no crânio dele.

— NAAAAAAOOOOOORRRRHHHGGGAAAAAAA! — O grito de Ellie soou como uma sirene em seus ouvidos. Seu quarto desmoronava enquanto o espaço ondulava como ondas sonoras vibrando freneticamente. Uma dor insuportavelmente aguda queimava sua perna direita. Sentia seu tendão sendo tirado à mão pelo seu joelho. É como se seus nervos rasgassem seu pé, perna, coluna e se cravassem em sua nuca, travando seu corpo por completo. Nunca em sua vida sentira uma dor tão intensa.

Abriu os olhos esbugalhados. Seu rosto suava de pingar. Olhou em volta e notou que estava em seu quarto, sentada numa cadeira ao centro. Sentiu seu corpo amarrado nas costas do assento. Tentou se mexer, mas outra apontada aguda no joelho lhe transtornou a mente e quase a tirou de realidade novamente. Baixou a cabeça e viu uma agulha grossa e enorme atravessando seu joelho e penetrando sua coxa através de nervos em sua perna. Sua pressão oscilava fazendo sua visão escurecer , cegando-a ao mesmo tempo que sua audição zunia e abafava a ensurdecendo. Seus sentidos estavam embaralhados. Como um computador em pane que erra suas funções e as executa de maneira confusa e prejudicial.

— Bom dia, flor do dia! — Uma voz familiar, mas, desta vez, não era uma que lhe confortava. Ellie olhou para o lado e viu Víbora deitada em sua cama. Naquele momento, de perto, conseguiu ter uma visão clara de sua inimiga.

Uma mulher na casa dos quarenta-cinquenta anos. Sua cicatriz na cara chamava toda a atenção. Uma textura bem estranha e avermelhada que tomava boa parte do lado direito de seu rosto. A boca e sobrancelha repuxadas por aquela marca que era impossível distinguir o que a causara. Seu cabelo raspado nas laterais enfatizava seu olhar sádico e guerreiro. Usava calça militar e uma jaqueta jeans de Ellie

— Sabe, quando falaram da “Besta Ruiva”, eu imaginei que você morasse num covil do mal, uma casa cheia de armas e corpos, sei lá. Você não tem ideia da minha decepção em encontrar um quarto de adolescente. Posteres de banda, gibis de heróis intergalácticos, desenhos e pinturas. Um verdadeiro balde de água fria. Bem... mas eu sempre disse que “um adolescente revoltado é o caos encarnado”. E pela maior ironia do mundo, essa minha frase veio me assombrar.


——— Pág 3 ———


Levantou da cama e começou a andar pelo quarto.

Ellie estava muito tonta e enjoada. A dor subia para sua cabeça e lhe atrapalhava os pensamentos. Por vezes, via móveis e objetos de seu quarto se mexerem ou derreterem como alucinações. Reparou que Víbora estava usando sua jaqueta jeans com as mangas dobradas, revelando o braço direito inteiro queimado, com a pele enrugada e escura.

— Espero que não se incomode de me emprestar sua jaqueta. Sabe, tentaram me explodir algumas semanas atrás, igual você tentou mais cedo. Só que o cara teve um pouco mais de sorte. — Mostrou o braço mais de perto. — Se meu braço assim, você precisava ver como ficou o soldado que puxei na minha frente pra me proteger da bola de fogo. Na verdade, não sobrou muita coisa pra ver. — Riu, lembrando da cena.

— O que você fez comigo? — A visão de Ellie ondulava e escutava a voz de Víbora ecoando.

— Primeiro, eu retirei as balas do seu corpo e cuidei de suas feridas. Seria um desperdício você morrer agora... Só estamos começando a nos divertir. — Seu rosto animado como o de uma criança que ganha um brinquedo novo. — Depois, com base em desintegrinas venosas de cobras da família Bothrops, eu alterei a função de algumas famílias proteicas pra simular um efeito de indolalquilamina. — Ellie continuou a encarando sem entender. — Ah é, esqueci que você já nasceu nesse mundo destruído, não teve educação superior na sua vida. Eu explico de uma forma que sua inteligência precária consiga entender. — Passou as mãos no cabelo de Ellie e andou para trás dela. Como Ellie estava amarrada na cadeira, não conseguia se virar para enxergar Víbora falando no pé do seu ouvido. — Eu manipulei veneno de cobra em dosagens específicas pra causar um efeito toxicamente alucinógeno em seu corpo. Achei algumas coisas no seu quarto que me dão certeza de que você sabe o que são “alucinógenos”. — Ela riu. — Mas fica tranquila. Quando os pesadelos estiverem fortes demais, eu te resgato pra realidade com essas agulhas em pontos de pressão de nervos do seu corpo. — Mostrou uma das enormes agulhas para Ellie, idêntica à que estava cravada em seu joelho.

Sua mente e corpo estavam debilitados. Ellie não conseguia entender seus sentidos. É como se escutasse cores, sentisse imagens, cheirasse sons. Nada fazia sentido. Apenas a dor. A dor penetrante da longa agulha cravada em seu joelho que fazia suas terminações nervosas queimarem. E a dor de perder seus amigos, sua cidade, até sua própria casa e saber que tudo isso foi por sua própria culpa.


——— Pág 4 ———


Víbora andou despreocupada pelo quarto de Ellie, mexeu em suas coisas por curiosidade até que pegou um porta-retrato.

— Este é o tal Joel?

— Larga isso! — Ellie se esforçava para falar. Surpreendia-lhe Víbora saber quem era Joel.

— Ele deve ser importante pra você. Não parou de falar dele enquanto tava alucinando aí. Ele era seu pai?

— Cala a boca. — A cabeça de Ellie se dobrava como papel sendo amassado.

— Você também disse outra coisa loucona. Mas, me confirma, Abby matou ele, né?

— CALA A BOCA! — Deu um tranco na cadeira. Imediatamente sentiu a agulha em sua perna atingir algum nervo e colapsar seu corpo em dor e paralisia. Ela fechou os olhos agoniada e, ao abri-los, viu Joel ensanguentado no chão e Abby em cima dele. — SAI DA MINHA CABEÇA! — Chacoalhou sua cabeça tentando despertar.

— Foi isso então, né? Um ato de vingança. Viajar até Santa Bárbara pra vingar a morte do “Joel querido” — zombou, falando com biquinho. — Olha, eu respeito isso. Ser movida por puro ódio e instinto, trucidar todos que estão pelo seu caminho, fazer tudo o que é preciso pra atingir seus objetivos. Você tem garra, devo admitir. Mas acho que você só errou numa coisa. — Víbora ficou frente à Ellie, pôs a mão nas costas da cadeira, ao lado do rosto dela, e inclinou o assento para trás. Ficou bem próxima, rosto a rosto, olho a olho. — Você matou metade do meu povo, mas deixou Abby viver. — Pegou na agulha cravada no joelho de Ellie e a fincou ainda mais. Ellie gritou desesperada, se debatendo de dor. Víbora a puxou pelos cabelos e forçou Ellie a lhe encarar. — Olha pra mim, sua vagabunda! Por que você não matou ela? Ein? Meus homens morreram em vão? Você queimou minha base inteira à toa? Fudeu todo o meu esquema pra no fim dar uma de boa moça e deixar a puta viver?! Ou você é a garota má ou é a boa moça. Os dois não dá. E, adivinha, você definitivamente não é a boa moça. — Seu olhar sádico era uma mistura de satisfação e fúria, a encarava com prazer enquanto torcia a agulha dentro da coxa de Ellie. — DESEMBUCHA, ESCÓRIA!

— EU NÃO SEI! EU NÃO SEI! — Ellie gritava e chorava, ainda se contorcendo de dor.


——— Pág 5 ———


— Você não sabe?! — Víbora parou um instante e a olhou insatisfeita. — Talvez você precise de mais um estímulo pra se recordar. — Foi até a cabeceira da cama onde tinha um pedaço de pano e um recipiente com liquido dentro. Molhou o pano e voltou até Ellie. — Deixa eu te dar uma ajudinha. — Tapou o nariz de Ellie com o tecido.

O cheiro forte consumiu suas narinas como se uma mistura de limão, gasolina e acetona invadissem e destruíssem seu sistema respiratório. Seus olhos reviraram e uma chuva de cores inundou sua mente. Seu corpo formigava com pontadas agudas de dor aleatórias em sua perna e coluna. Seu pulmão estava lotado com algo e forçou-se a expulsar. Uma nuvem de fumaça saiu de sua boca dançando com o ar formando fractais giratórios.

— Nooossa... Você muuuuuito longe, garota. Agora vai, solta o refém. — Uma voz feminina e amorosa lhe dirigiu.

— Quê?! — Ellie tossiu sem entender o que estava acontecendo.

— O beck, Ellie! Passa o beck. — Dina estava do seu lado com a mão esticada, esperando pela sua vez de fumar.

— Desculpa. — Passou o fumo para Dina. Seus olhos pequenos e avermelhados encarando o nada, enquanto sentia seu rosto derreter.

— Alôô! Terra chamando Ellie. Você muito locona! Chega de beck pra você — disse Dina com voz grossa, pois estava prendendo a fumaça nos pulmões.

— Acho que . Pensei que eu tava em casa. Amarrada — falava confusa, com a mão na cabeça que doía.

— Hummm, safadinha — riu maliciosamente. — Esses são seus planos pra mim mais tarde?

— Não! — respondeu, incomodada com algo, mas viu a cara de decepção de Dina quando negou. — Quer dizer, eu quero isso. Com certeza! Mas não era bem disso que eu tava falando.

— E do que você tava falando, senhorita Mary Ellie Jane? — disse com um sorriso largo, soltando a fumaça no rosto de Ellie.

— Sei lá. Parecia tão real. A cidade tinha sido tomada, eu tava amarrada no meu quarto... e tinha uma mulher em cima de mim.


——— Pág 6 ———


— Uma mulher?! — Dina empurrou Ellie, deitando-a no sofá e subiu em cima do quadril dela. — A única mulher que vai estar em cima de você, sou eu! — Seu olhar sedutor e penetrante, os dedos arranhando as costelas de Ellie. — Você precisa relaxar — disse baixinho no pé da orelha de Ellie e desceu beijando seu pescoço.

Por um momento, o corpo de Ellie relaxou. Via as paredes do sótão em que estavam brilharem como letreiros de neon, formando imagens. Dina continuava a tocando, fazendo-a viajar de prazer. Ellie olhou para o lado e, em meio às plantações de maconha, viu um fliperama ligado. O som de videogame lhe trouxe uma nostalgia gostosa. Fechou os olhos por um instante quando Dina tocou em um lugar delicado e, quando abriu, viu Riley, sua amiga e paixão de infância, à sua frente. Ela encarava o ato de Ellie e Dina, se aproximou do rosto de Ellie e disse.

— Você me deixou morrer sozinha. E vai deixar ela também.

— O quê? — Não entendia o que estava acontecendo. Era difícil distinguir o que era real.

— Você abandonou a gente! Abandonou! — Riley empurrou a testa de Ellie, que atacou em enxaqueca instantaneamente. Ellie grunhiu e se contorceu, empurrando Dina.

— O que foi? Pensei que estivesse gostando. — Levantou Dina revoltada.

— Desculpa... — Ellie estava ofegante. — Eu muito loca. vendo coisas. A... a Riley.

— Riley?

— É... uma... amiga. Morreu há muito tempo.

— Você abandonou ela também?

— O quê? — Encarou Dina com a mão na testa que doía a apontadas.

— Você abandonou ela, né? É isso que você faz com as pessoas. Abandona.

— Não... eu não... — tentava discutir, mas sua cabeça latejava cada vez mais.

— Sim. Riley, Marlene, Joel, eu, JJ... Você deixou todos pra trás. Deixou todos nós pra morrer.

Grunhidos de infectados surgiram. Os pregos do piso de madeira soltavam e, do fundo, mãos de infectados brotavam. Forçando o chão, alguns infectados levantaram e ficaram encarando Ellie, eram Joel, Jesse, Riley, Marlene e Tommy.


——— Pág 7 ———


— Não... Eu não queria... Eu... — Sua dor agora era insuportável. Os grunhidos invadiam sua mente e sua cabeça parecia explodir.

— Você nos deixou para morrer, Ellie. Agora viemos te buscar. — O rosto de Dina apodreceu ao terminar a frase. Parte de seus cabelos caiu, um de seus olhos foi tomado por fungos e seus lábios derreteram deixando seus dentes e gengivas a mostra. — Estamos todos aqui por você. Inclusive JJ. — Pegou do chão o bebê infectado. — Agora podemos ficar juntos novamente.

Todos os infectados partiram em direção a Ellie que não teve o que fazer. Começaram a comer seu braço esquerdo. Sentia seus dedos, cotovelo, ombro e costelas sendo mastigados por dezenas de dentes fúngicos e raivosos. As unhas podres cravando em sua cintura, rasgando sua pele. O grito de Ellie se misturou aos infectados. A dor lhe consumia de uma maneira inimaginável. Ela se debatia e gritava, queria arrancar o próprio braço numa tentativa de morrer mais rápido. Tudo para que a dor parasse.

— Shhhi... Passou... Passou. Você de volta. — Víbora limpava o suor da testa de Ellie com uma página rasgada do gibi Savage Starlight.

Ellie abriu os olhos e viu outra agulha idêntica à cravada em seu joelho, só que agora cravada em seu cotovelo. Seu braço vermelho com as veias saltadas. As pontas dos dedos sangrando por arranhar selvagemente a madeira da cadeira à qual estava amarrada. Sua cabeça latejava como se um baiacu a espremesse constantemente.

— Deixa eu ver se entendi. Você abandonou seus amigos, viajou o país sozinha, matou meus homens, queimou minha base... Tudo isso por uma vingança que você não cometeu? — Riu irônica e contrariada. Era nítido em sua face o quanto estava enraivecida com a situação. — Meus homens não são dos melhores, mas numa coisa eles acertaram... — Aproximou-se do rosto de Ellie e disse encarando-a com satisfação. — Em te nomear de “Besta Ruiva”. Mas BEEESTA mesmo! Uma imbecil, retardada e egoísta que adora foder a vida das pessoas. Sabe, eu sei que sou ruim. Mas isso é uma escolha. Agora você... Você é ruim por pura falha. Não faz nada direito. Uma pirralha inconsequente que mata por prazer. FILHA DA PUTA! — vociferou e chutou um baldinho de lixo para longe. — Me humilha saber que fiz tudo isso pra você. Eu esperava um desafio, uma matadora, uma guerreira inteligente pra uma luta épica. Mas isso... é deprimente. Obrigado por matar meus homens, porque se eles morreram pra você foi porque mereceram. Que ridículo.


——— Pág 8 ———


— Terminou seu discurso...? Acaba logo com isso... — Ellie se esforçou para falar. A dor a consumira por completo. Não conseguia mais distinguir o que era real ou não. Não tinha mais motivações. Apenas queria a escuridão, o esquecimento, o nada.

— Acabar? Pera, pera, pera. Acabar?! — Aproximou-se de Ellie. — Não, não, não, não, não. Não tem essa de acabar. Isso nunca vai acabar.

Andou até o armário de Ellie e abriu as gavetas, falava enquanto vasculhava nas roupas dela. Media o tecido por cima do corpo e jogava no chão roupa após roupa.

— Sabe, garota, eu fiquei furiosa quando soube que você sozinha fudeu minha base. Eu planejava várias formas de torturá-la até a morte. Mas tudo na vida tem um motivo. Coisas que me fazem pensar que algo maior possa existir. Pensar que o universo colocaria você no meu caminho. Uma garota imune.

Ellie a encarou espantada.

— É, garota, eu sei. Você não acha que eu simplesmente transformei todo mundo daqui em cogumelos raivosos, né? Claro que eu torturei eles antes. Primeiro ofereci rendição, perguntei quem queria se juntar a nós. Foram os primeiros que matei. Hanf... Traíram seu povo sem nem pestanejar. Depois matei algumas crianças barulhentas. Você não odeia quando tentando falar e um pirralho catarrento fica chorando? Que saco! Claro que tive que transformar os pais logo em seguida. Se eles não falaram de você pra protegerem seus filhos, é porque não sabiam mesmo. Então eu comecei a perceber que realmente a galera não sabia onde você tava. Pensei que estavam te protegendo, mas, na verdade, eles te odiavam. Nem sabiam direito quem era você, mas sabiam que estavam morrendo por sua causa. Então uma mulher se prontificou a te dedurar pra proteger o povo dela. Acho que era Maria o nome dela. Mulher durona. Jogou bem. Mas eu sempre venço, né? Ela disse onde você tava e logo mandei alguns homens meus com prisioneiros que indicassem o caminho alguns dias atrás. Já devem estar retornando.

— Não... — Ellie baixou a cabeça. Não queria pensar, mas era inevitável. Dina iria morrer por sua própria culpa. Por suas próprias ações. E mais uma vez Ellie a abandonara. Não estaria lá para ajudá-la. A culpa afundava Ellie ainda mais. Ela tinha certeza que seria melhor se ela nunca tivesse nascido. Todas as suas escolhas foram erradas, destrutivas, tanto para pessoas aleatórias quanto para quem ela amava. Só causou dor e mortes por onde passou e, nas poucas vezes que teve chance de ser feliz, se agarrou à violência e ao ódio. Sentia-se uma pessoa amaldiçoada que recebeu a imunidade da infecção para que pudesse de alguma forma pagar pelos seus pecados. Mas já era tarde.

— Quando eles chegarem, vamos atrás dos Vagalumes. Ouvimos falar que lá existe um doutor capaz de produzir a cura. Já pensou no bem que você vai me fazer, garota? Um mundo inteiro aos meus pés, rastejando pela minha cura, pela minha benção. Eu vou decidir quem vive e quem morre. Um novo mundo, forte, equilibrado e comandado por mim. — Pegou nos cabelos de Ellie e se aproximou muito de seu rosto, seus lábios quase tocavam os de Ellie e dizia de forma baixa, sensual e sádica — Você é minha, seu corpo, sua mente, seu sangue milagroso. — Lambeu um pouco de sangue dos lábios de Ellie. — Você me pertence e eu vou continuar me divertindo com você até que se torne apenas uma casca vazia e deplorável, apenas anticorpos dentro de uma seringa. E quando não estiver olhando pra mim... — Colocou o pano molhado no nariz de Ellie. — Estará sonhando comigo! — Ellie revirou os olhos e caiu em alucinações.

——— Continua ———


Nossa... Esse capítulo foi de tirar o fôlego! Ellie nunca esteve tão em apuros quanto agora. Cabe a nós torcer para que Abby e Lev consiga resgatá-la da sádica e perversa Víbora. O que acharam do capítulo? Quais suas teorias para os próximos capítulos?


Ps - Agradecimentos à Kid_Leader_06 que fez essa capa incrível. Obrigado pelo carinho e dedicação =D


Pss - Gostaria de deixar algumas observações. A primeira é que todas as alucinações acontecem na mente de Ellie, porém ela fala enquanto alucina e por isso Víbora vai capitando o que aconteceu. E como tudo acontece na cabeça de Ellie, os comportamentos de Joel, Dina e Riley não correspondem aos comportamentos dos personagens originais, ou seja, são representações de como Ellie os enxerga. Ela se culpa por tudo o que aconteceu, por isso suas alucinações a culpam também.


em seguida, gostaria de pedir desculpas pelo capítulo mais pesado. A Ellie é uma das minhas personagens favoritas de The Last of Us, e foi bem triste escrever este capítulo. Mas eu quis abordar as consequências das matanças assim como acontece no segundo jogo. Joel chacinou os vagalumes (que apesar de seus métodos questionáveis, ainda buscavam o bem e uma cura) e por isso Abby e seus amigos se vingaram dele; e por conta disso ela também sofreu as consequências tendo todos os seus amigos mortos. Ellie chacinou a gangue dos Cascavéis, mas diferente dos Vagalumes, os Cascavéis são realmente cruéis e por isso as consequências foram muito mais graves. Então por favor não levem para o pessoal. Eu também amo a Ellie, mas como já sabemos, The Last of Us sempre nos surpreende por conta de cenas pesadas e tristes como essas.


O primeiro jogo trata deste mundo cruel transformar as pessoas pela pura sobrevivência. O Vilão, David, achou no canibalismo uma forma de fazer seu grupo sobreviver. E Joel, do qual o jogo fala varias vezes que fez muita crueldade (motivo pelo qual ele e Tommy se separam), pode reencontrar sua humanidade no amor de pai quanto a Ellie. No segundo jogo, a princípio, Abby é tida como a vilã, mas ao decorrer das campanhas o jogo passa a mensagem que existem pontos de vistas diferentes, e que herói e vilão é relativo, tudo depende muito da nossa afinidade e de ver todas as perspectivas. E claro que todos, Abby, Ellie e Joel sofreram com as consequências de seus atos. Agora nessa terceira e última parte, eu peguei o gancho dos Cascavéis e tentei continuar a estrutura de enredo e desenvolvimento de personagens, mas desta vez mostrando a verdadeira crueldade (como o Neil Druckmann mostrou nos Cascavéis). O mundo apocalítico transformou pessoas boas em pessoas questionáveis, tornou as pessoas tranquilas em selvagens, tudo pela sua sobrevivência. Mas o que esse mundo faria com alguém que já é cruel de natureza? Daí nasceu a Víbora, finalmente uma Vilã que é realmente vilã em the last of us, alguém que não mata pela sobrevivência, mas sim pelo sadismo, pelo prazer, pelo poder. Alguém tão ruim que forçaria Ellie e Abby porem suas diferenças de lado para ter alguma chance de sobreviverem.


É isso. Este é o meu ponto de vista e a minha forma de interpretar uma continuação pra essa obra maravilhosa que tanto amamos. Espero de coração que estejam gostando e peço que por favor, compartilhem. Postem em algum grupo do face, mandem pra algum youtuber que acham que gostaria da história, ajudem a espalhar essa obra porque eu realmente gostaria de transformar ela em quadrinhos pra vocês, mas isso é impossível sem parceiros. Então fico grato com quem puder ajudar.


Desejo boas festas a vocês, um feliz ano novo que seja beeeeeem melhor do que este, e mais uma vez obrigado a todos s2



12 Comments


WILLYAN GUSTHAVO MAIA PIRES
WILLYAN GUSTHAVO MAIA PIRES
Dec 31, 2021

Esse capítulo foi legal, ver como a Ellie e o Joel se parecem, a abby no The last 2, também acabou fazendo tudo o que o Joel fez, matando dezenas de pessoas para proteger o Levy, assim como Joel fez por Ellie, é por isso que a franquia The last of us é incrível e foda.

Mas eu não queria que o Joel morresse daquela forma, sla poderiam ao menos deixar a gente jogar com ele no The last 2, a gente só joga um pouquim no início, queria dar tiro e dar porrada com o Joel no The last 2, só disso que senti Falta.

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Kevin de Almeida
Kevin de Almeida
Jan 01, 2022
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E concordo tbm, Joel é um personagem MT querido pra morrer tão rápido. A gente queria vivenciar mais com ele, mas acho que essa morte abrupta foi pra gente sentir o trauma e a falta igual a Ellie sentiu, pra gente comprar a jornada de vingança sanguinária

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Ana Carolina C. Silva
Ana Carolina C. Silva
Dec 28, 2021

Esse capítulo foi tenso , gostei demais .... No começo do jogo a Ellie era minha personagem favorita , mas quando passou pra Abby eu vi o lado dela também , não é uma pessoa má , ela fez o que fez porque tinha motivos. Todos nós sabemos que tanto Ellie quanto Abby cometeram atrocidades e o jogo tentou nos mostrar que não é apenas vingança , temos também que perdoar ! E acho que no final dessa fanfic incrível veremos isso , o perdão !!!

Obrigado , Kevin .

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Kevin de Almeida
Kevin de Almeida
Jan 01, 2022
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É Willian, o Joel preferia morar num mundo de infectados com a Ellie do que num mundo sem infectados e sem a Ellie. A questão era realmente o sentimento de pai e filha e todo o amor e humanização que ele teve ao encontrar a Ellie.

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Giovany Jonker
Giovany Jonker
Dec 28, 2021

Uuuuh tenso, amei.... a Ellie e minha personagem favorita também

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Kevin de Almeida
Kevin de Almeida
Jan 01, 2022
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Vamos torcer pra ela sair dessa né ✌🏼

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