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The Last of Us Part 3 - Vol. 25 - Força Genuína

  • Foto do escritor: Kevin de Almeida
    Kevin de Almeida
  • 24 de mar. de 2022
  • 25 min de leitura


THE LAST OF US

PARTE III

FANFIC


AVISOS E DIREITOS AUTORAIS


Esta é uma obra feita por fã e sem fins lucrativos.

Todos os direitos da marca THE LAST OF US são pertencentes à Naughty Dog.

Qualquer um pode ler esta obra de forma gratuita. Porém a detenção dos textos para divulgação desta fanfic é de única e exclusiva autoria do Autor (Kevin de Almeida Barbosa) nas seguintes plataformas:


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escritorkevindealmeida@gmail.com

@thelastofus.part3


Esta obra levou dois anos para ficar pronta. Muito tempo, trabalho, esforço, estudos e gastos (revisão, edição, capa, divulgação) foram investidos para que pudesse chegar até você de forma gratuita.

Peço que respeitem o trabalho, NÃO divulguem de forma irregular e incentivem esta iniciativa.

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escritorkevindealmeida@gmail.com

Comentários tóxicos, xingamentos e palavras de baixo calão usadas com cunho ofensivo não serão tolerados. A obra tem como intuito entreter, divertir e aproximar os amantes de THE LAST OF US.

Está é uma obra de ficção. Os fatos aqui narrados são produtos da imaginação. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, locais, fatos e situações do cotidiano deve ser considerada mera coincidência

Agradeço a compreensão e respeito de todos e desejo uma excelente leitura.


Autor: Kevin de Almeida Barbosa — Instagram: @escritorkevindealmeida ; @thelastofus.part3

Capa: Rafael Cardoso — Instagram: @r.c.dossantos

Revisão: Beatriz CastroInstagram: @beatrizcastrobooks


PS- Infelizmente estou DESEMPREGADO. Quer ajudar/incentivar o desenvolvimento desta obra? Faça um pix de qualquer valor pro e-mail escritorkevindealmeida@gmail.com e já me ajudará muito a manter este projeto em andamento. Obrigado de coração e boa leitura!



Força Genuína


Abby se levantou com bastante esforço, seu corpo dolorido, seus sentidos ainda meio embaralhados por conta do veneno de Víbora que ainda inalava.

— Vem, vamos respirar um pouco de ar puro. — Abby esticou a mão para Ellie, que aceitou a ajuda e se levantou. Juntas, foram até uma janela próxima e a abriram.

Foi um tremendo alívio sentir ar puro entrando em suas narinas e fazendo aquela limpeza em seus pulmões. Abby olhou para a mão de Ellie, continuava a sangrar pingando no chão. Em seguida avisou Ellie que ia atrás de sua mochila, pois continha suprimentos para lhe fazer um curativo e partiu. Ellie ficou ali na janela, deixando seus pulmões se deleitarem com o oxigênio de fora ao mesmo tempo que se concentrava para não surtar com a tremenda dor que sentia em sua mão destroçada. Olhava pela janela, a noite densa era iluminada pelas chamas bruxuleantes advindas da imensa cratera à sua frente, muitas casas destruídas, entulhos, destroços e centenas de infectados que pareciam mais ouriçados, se aglomerando ao redor da estação de rádio querendo entrar a todo o custo.

Abby deu uma boa olhada no corpo de Víbora para ter certeza de que estava morta, e o buraco no meio de sua testa provava isso. Finalmente a maldita pereceu, mas ainda assim mantinha seu sorriso sádico e perverso marcado em seu rosto. Abby fechou a cara pensando em toda dor e sofrimento que ela casou, mas continuou seu caminho e, enfim, retornou com sua mochila, a alça rasgada presa em um nó improvisado, e nas mãos um pedaço de trapo e a garrafa de álcool que acharam no térreo.

— Sua cabeça primeiro — falou Ellie sinalizando para o tiro de raspão que Abby recebera no lado do crânio.

— Já passamos dessa nossa fase, Ellie — respondeu Abby puxando o braço da garota e se preparando para fazer o curativo.

Ellie ainda não gostava da ideia de Abby lhe ajudar e cuidar de seus ferimentos, mas como Abby mesmo havia dito, essa fase orgulhosa não tinha espaço na situação que se encontravam. Ellie não tinha condições de fazer um curativo em si mesma, na verdade, Ellie não tinha condições de nada desde que foi capturada por Víbora, era realmente impressionante vê-la seguindo em frente em seu estado. Abby perguntou se Ellie estava preparada, e ela consentiu. Não foi possível segurar o grito de dor quando o álcool encharcou o que sobrou da mão da garota, Abby já havia a arrancado dois dedos no passado e então Ellie terminara de estragar o resto. O polegar, o dedo indicador e um pouco da palma da mão, só.

— Você... — Ellie forçou os olhos na cabeça de Abby. — Você perdeu sua orelha?!

— Víbora me mordeu — respondeu Abby terminando o curativo.

— Hum... Não é tão legal quando é em você, né. — Ellie mostrou a mão que Abby havia decepado seus dedos numa mordida. Ambas trocaram olhares e acabaram soltando uma leve risada. Jamais imaginaram que um dia ririam disso juntas.

Em seguida, Abby fez um curativo como uma bandana em volta de sua cabeça e orelha. O álcool queimava e fazia sua mente latejar, e o ferimento da orelha foi mil vezes pior. Escutou o álcool adentrar seu ferimento, o sangue borbulhar e um zunido abominável se formar. Foi como se a dor se transformasse em som e fizesse seu ouvido implorar pela surdez. Abby desabou. Caiu sentada e sentiu sua alma ser puxada para fora de seu corpo. As paredes derretiam, o chão mudava de cor e aquele maldito zunido comia sua mente como se fosse um estalador faminto. O veneno de Víbora voltara a agir a todo o vapor.


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Ellie não tinha muito o que fazer a não ser assistir e esperar que o efeito do veneno diminuísse. Algum tempo antes teria adorado ver a Abby agonizando de dor, mas naquele momento, não sentiu prazer nem nada. Após alguns minutos, Abby voltava à consciência. Ela se lamentou para Ellie, disse que tinha sido tudo em vão, que ao matar Víbora, ela tinha as condenado, pois não conseguiriam um antídoto, mas Ellie a informou que quando estava sendo torturada, Víbora havia dito que a usaria para produzir uma cura e construir um império. Não achava que Víbora usaria um veneno letal arriscando o fracasso de seus planos. Abby pareceu concordar e ambas ficaram alguns instantes em silêncio. Infelizmente, a calmaria durou pouco tempo. Um barulho forte de coisas caindo e sendo quebradas veio do térreo seguido de gritos e gemidos eufóricos.

— Abby, arrombaram a entrada de baixo! — alertou Ellie e ambas foram com dificuldade até a porta do primeiro andar derrubar mesas, cadeiras e tudo que pudessem para barrar a porta. Porém sabiam que era inútil, os infectados foram atiçados pelo barulho da batalha com Víbora e, pela quantidade deles, era questão de tempo até que conseguissem ultrapassar a passagem.

Ambas apoiaram-se uma na outra para seguir caminho. Abby estava exausta e bem machucada, mas Ellie estava realmente debilitada e até o simples andar era uma tarefa trabalhosa. Subiram as escadas e chegaram ao terraço, um ambiente vazio, sem muito o que observar a não ser o piso cinza liso, as barras de metal do parapeito e a gigantesca antena inclinada. Abby olhava para todos os cantos procurando Lev em uma esperança que ela mesmo duvidava, achando ser mais a não aceitação do que estava prestes a se confirmar.

— Procura nas beiradas... — falou Ellie sentada encostada na porta que acabara de fechar. O olhar de ambas se encontrara, e ambas entenderam o sentimento que sentiam, o medo de Víbora ter realmente matado Lev.

Então, Abby foi para a direita e olhou nas beiradas... Nada. Foi para perto da antena e viu um pacote de tecido com algo dentro e uma escopeta no chão. Ela pegou a arma, conferiu que estava sem munição e então jogou-a deslizando pelo chão até Ellie dizendo para a garota prender a porta. Ellie tentou colocar entre as maçanetas para impedir que a porta dupla fosse aberta por dentro, só que a arma não encaixava. Ela tentou olhar ao redor procurando alguma outra coisa, mas não havia nada que pudesse usar. Observou a escopeta por um tempo até que teve a ideia de tirar a corredeira da arma, deixando-a mais fina e enfim conseguindo prender a porta.

— ELLIE! AQUI! — gritou Abby descendo o parapeito.

Ellie foi até o local e teve uma maravilhosa notícia. Lev estava lá, deitado em cima de um ar-condicionado dos montes de aparelhos acoplados e enfileirados na parede. Abby havia descido em cima de outro ar-condicionado ao lado do qual o garoto estava. Ele estava desmaiado e com a cabeça sangrando. Abby começou a chamá-lo pelo nome enquanto mexia em seu ombro e em seu rosto tentando reanimá-lo, mas o garoto não respondia. Abby olhou para Ellie com um rosto tenso de preocupação, até que escutou uma tosse. Ele havia reagido e foi como se a alma de Abby tivesse voltado para seu corpo.

— Meu Deus, Lev, você vivo! — Abby olhava com ternura e empolgação para o garoto.


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— Onde... onde é que eu ? — perguntou desorientado enquanto tentava se levantar, porém, ao apoiar seu pulso, o garoto gritou e fraquejou, deixando-se cair para o lado.

Abby o pegou no ato, mas ao se apoiar no mesmo ar condicionado que ele, o aparelho estourou alguns parafusos da parede e ameaçou cair, ficando tombado preso só pelos parafusos de baixo.

— Sem movimentos bruscos — disse Abby, segurando o garoto o impedindo de ter uma queda mortal direto para as bocas de infectados famintos que gritavam.

— Meu pulso! Acho que quebrei ele — avisou Lev com dor.

— Calma, vamos sair daqui primeiro. Ellie, me ajuda aqui! — E então Ellie sentou-se na beirada, abraçou a barra de metal e esticou a perna boa para que Lev a escalasse.

Abby, cuidadosamente, levantou o garoto até a perna de Ellie, e então Lev usou a mão boa para se segurar ao mesmo tempo que Ellie usava sua mão boa para puxá-lo. Finalmente são e salvo.

— Ellie! Que bom que você viva. — Sorriu o garoto a fitando, mas entristeceu o rosto ao ver seus ferimentos. — Sua mão... O que acont... — Mas antes que pudesse terminar, Abby o agarrou com um abraço forte e começou a chorar.

— LEV! VOCÊ VIVO! EU FIQUEI TÃO PREOCUPADA! — Chorava e o apertava quase o sufocando. Lev corou sem entender muito bem, mas, de certa forma, gostava do afeto e atenção.

Ellie encarou os dois ajoelhados se abraçando e aquilo trouxe uma paz muito forte para seu coração. Só havia visto desgraça, morte e crueldade ultimamente, mas aquela cena carinhosa a lembrava das poucas, porém muito especiais, vezes em que Joel a abraçou. Percebeu seus olhos ameaçarem lacrimejar e então virou o rosto para o céu.

— VÍBORA! Foi ela que me atacou! — A memória de Lev havia se refrescado e ele se soltou de Abby — Ela deve estar...

— Morta! — Ellie o interrompeu. — Abby a matou.

— Morta?! Você... — Lev olhou para Abby, sua cabeça ainda atordoada sem saber quanto tempo havia se passado.

— Sim... — Abby encarou Ellie por um instante e voltou sua atenção a Lev. — Eu tive ajuda da Ellie. Uma ajuda bem estranha e duvidosa, mas, no fim, foi isso que derrotou Víbora.

O rosto do garoto se encheu de brilho e, com um sorriso, disse:

— Eu sabia que vocês seriam uma dupla imbatível.

Ambas ficaram vermelhas e desconcertadas, Abby contrariada, porém mais conformada, Ellie deu as costas e desconversou rapidamente:

— Ainda não acabou. A gente precisa dar um jeito de sair daqui antes que os infectados cheguem no terraço. — E foi andando para a antena. — Faz logo um curativo no moleque e venham me ajudar.


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Abby ficou com Lev fazendo o curativo em sua cabeça e seu punho quebrado. Ellie foi para a antena observar ao redor. A ideia inicial era escalarem a antena para acharem uma rota de fuga, mas sendo sincera consigo mesma, não acreditava mais que seria possível sair de lá. Achar um jeito de se salvarem era como achar uma agulha no palheiro. Mesmo que subissem na antena e achassem alguma rota viável, não tinham como sair daquele edifício. O local estava cercado por infectados, e sabia que os malditos já tinham invadido o térreo. Se Lev tivesse mais corda, talvez conseguissem fazer outra tirolesa até alguma casa “mais segura”, mas e depois? Não tinham mais munição nem condição de continuarem lutan... “O que é isso?” Ellie interrompeu sua linha de raciocínio ao ver uma trouxinha de tecido perto da antena. Ela se agachou, pegou a trouxinha e identificou que estava cheia de pólvora. “Por quê? Uma trouxa com pólvora no pé da antena?”

Deduziu que fosse de Víbora, o tecido era bem parecido com a regata dela, e julgando pela luta em que Víbora atirou apenas três vezes. Mas... o que ela estava tentando fazer? Observou o pé da antena onde a pólvora estava, depois as outras bases e hastes, a construção cedendo e a antena inclinada. “Que desgraçada...” Ellie pareceu entender. Não gostava de admitir a inteligência de Víbora, mas, no final, apostaria suas fichas em um plano dela.

— O que é isso? — perguntou Lev enquanto ele e Abby chegavam onde Ellie estava.

— Pólvora. Aliás, você pegou a pólvora que tava em baixo da minha cama, né? com você ainda? — Ellie esticou a mão esperançosa.

— Ah... peguei sim. aqui. — Lev tirou o saco de pólvora de dentro de um bolso costurado na parte de fora da aljava e lhe entregou.

— Perfeito! Me arranja também duas flechas — continuou Ellie ansiosa.

— No que você pensando? — perguntou Abby com receio, mas antes da resposta, escutaram um barulho forte vindo do primeiro andar, um barulho que sinalizava que os infectados haviam quebrado a passagem e estavam em sua direção.

— O que foi isso?! — perguntou Lev.

— Infectados, foram atraídos pela nossa briga com Víbora — respondeu Abby. Voltou seu olhar para Ellie e a viu separando dois pacotinhos de pólvora para as flechas e jogando todo o resto, o que não era pouco, junto à trouxinha de pólvora da Víbora. — Ellie, que merda você fazendo?!

Ellie olhou para Abby, seu rosto transmitia a mesma sensação de quando disse que entrariam em Jackson pelas tubulações de água. Desviou o olhar para Lev e pediu para que lhe ajudasse com as flechas explosivas. Ela e ele só estavam com uma mão boa cada, então foram se ajudando para preparar as flechas enquanto Abby encarava o ato deles e a antena tentando ligar os pontos até que...

— Você não pode falando sério... — Abby deu um passo para trás. — Com essa quantidade de pólvora você vai acabar explodindo a gente junto com o terraço.

— A gente não vai estar no terraço — respondeu Ellie ainda concentrada na montagem das flechas.

— Como é que é?! — Abby franziu o cenho e voltou a encarar a antena. — Não, não, não. Sem chance! Eu sei que você tem ideias suicidas, mas essa com certeza é a maior de todas.

— Não foi minha ideia — disse Ellie, terminando as flechas e ficando em pé. — Foi da Víbora.


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— Pera... Da Víbora?! O veneno ainda deve fodendo com sua cabeça, só pode.

— A gente não tem escolha, porra! Os infectados vão invadir o terraço a qualquer momento, não tem como a gente descer pelas laterais a não ser que tenhamos corda pra outra tirolesa, você tem aí, Lev? — perguntou Ellie e Lev negou. — Viu! E mesmo se tivéssemos corda, não teríamos munição ou energia pra fugir de todos esses infectados. É nossa melhor aposta!

— O que a gente vai fazer? — perguntou Lev que ainda não conseguira desvendar muito bem o plano.

— Ela quer que a gente escale a antena e exploda a base dela pra cair do outro lado — respondeu Abby rindo de nervoso do absurdo que era dizer esse plano em voz alta.

Lev encarou a antena, depois a cratera à sua frente, como se calculasse o comprimento de ambos, olhou ao redor do edifício em que estavam e então concluiu:

— Pode dar certo.

— O quê?! Até você, Lev?! — Abby estava inconformada.

— Garoto, dá seu arco e aljava pra Abby. — Sem questionar, o garoto o fez. Parecia confiar em Ellie.

— Pra mim?

— Eu e Lev estamos com uma das mãos fodida. Tem que ser você.

— Mas eu não sou boa com arco e flecha... Besta até vai, mas... — Olhou para o arco com receio dando um passo para trás.

— Abby, lembra na base dos Vagalumes quando eu estava te ensinando? — Lev empurrou seu arco no peito de Abby.

— O dia que eu quase flechei o Stiven? — Segurou o arco.

— Sim... Mas... escuta. Essa flecha é explosiva, e pelo que eu entendi, você vai atirar em direção à pólvora. Não precisa ser um tiro perfeito, é só você mandar na direção certa. — Lev estendeu a mão com as duas flechas.

— Tá... — Abby a pegou e as encarou por um instante. — Eu vou ter que atirar as duas de uma vez?

— Não. Fiz duas caso você faça a proeza de errar a primeira — debochou Ellie meio que incentivando sua rival.

Novamente um barulho forte distraiu os três, dessa vez, vinha da porta do terraço. Os sons de gritos e grunhidos estavam bem mais fortes, e a porta recebia pancadas e mais pancadas.

— Hora de subir! — Ellie posicionou a trouxa com pólvora na base em que Víbora havia deixado e os três começaram a subir a escada que ficava no centro, dentro da antena.

Após alguns metros a cima, os infectados conseguiram arrebentar a porta e invadiram o terraço. Os três pensaram que estavam seguros na antena, mas depois de um tempo alguns infectados os avistaram e começaram a escalar a torre. Por mais que os três já estivessem quase no topo, era algo medonho de se ver, dezenas de infectados se debatendo uns nos outros enquanto tentavam de forma escrota e desajeitada escalarem a antena pela escada, pelos metais da estrutura e até por eles mesmos se apoiando e subindo uns nos outros.


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— Aqui já é uma altura boa, vamos pra beirada da antena. — Lev saiu da escada, se apoiou nas hastes de metal e foi até a beirada da antena.

Abby ficou parada observando o garoto. Apesar de não estarem no topo da antena, já estava alto o suficiente para sua vertigem atacar forte, e Lev estava pedindo para que Abby saísse da escada e se pendurasse pelas hastes de metal até a beirada da antena. Era como pedir para alguém aracnofóbico segurar uma aranha.

— Não dá! Eu vou atirar daqui mesmo — disse Abby indo pegar o arco.

— NÃO! — trovejou Ellie. — Se você errar e pegar em alguma haste do centro, você vai partir a antena no meio e derrubar a gente, isso se não acabar nos explodindo.

— Abby, eu com você, confia em mim — falou Lev sentado, se segurando com a dobra do braço do punho quebrado e estendendo a outra mão para Abby.

Ela relutou por um momento, olhou para baixo e não sabia o que lhe assustava mais, sua visão vertiginosa se distorcendo pela altura ou as dezenas de infectados escalando mais e mais.

— Abby! A gente precisa de você! — insistiu Lev.

Sem escolha, Abby respirou fundo e foi cuidadosa e vagarosa passando de haste em haste, sem olhar para baixo, até conseguir pegar na mão de Lev e ficar na beirada. Ali era horripilante para ela, não tinha como se segurar direito, o vento era forte a desequilibrando o tempo todo, conseguia enxergar pássaros voando perto de si assim como quase toda a cidade de Jackson. Estava sentada, suas pernas e braços abraçando fortemente a haste da beirada como uma criança agarrada na perna do pai, os olhos fechados e respiração ofegante.

— Vamo lá, Abby, acalma a respiração. Eu contigo. Não vou deixar você cair, legal? — Lev a tranquilizava e parecia funcionar na medida do possível. — Eu vou te ajudar na direção do arco e no quanto você vai ter que puxar a flecha. Eu só preciso que se incline um pouco pra baixo. — E demonstrou inclinando seu corpo pra frente.

— O quê?! Sem chance! Não dá pra eu me inclinar assim. Eu vou cair! — Abby estava aterrorizada só de olhar Lev inclinado, podendo se desequilibrar e cair a qualquer momento, não conseguia nem pensar nela se inclinando assim. Seu corpo estava travado, rígido, agarrado na haste de metal.

— Abbyyyy! — apressava Ellie, vendo os infectados subirem cada vez mais e chegarem na metade da altura de onde estavam.

Lev subiu na haste de cima da Abby, prendeu seus joelhos e ficou de cabeça para baixo.

— Que merda é essa, Lev?! Você vai cair assim!

— Relaxa, faço isso minha vida toda. Assim eu posso te segurar enquanto você se inclina. Confia em mim.

Era a segunda vez que Lev pedia para ela confiar nele, e ela confiava nele, só não confiava em si mesma, sua vertigem já distorcia sua visão referente à altura, mas misturada ao veneno de Víbora em seu sangue, cada vez que Abby olhava para baixo, sentia-se caindo infinitamente em direção à sua morte. Porém, ela tinha que conseguir, estavam todos contando com ela. Ela pegou o arco e a flecha, enganchou um no outro com as mãos trêmulas e se preparou para atirar.


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— Não me deixa cair, Lev!

— Nunca!

Lev, de cabeça para baixo com os joelhos presos na haste de ferro de cima, colocou sua mão boa sobre o peito de Abby e a ajudou a se inclinar para frente lhe dando mais equilíbrio e visão do alvo. Abby puxou a flecha e mirou em direção à base da antena, Lev indicou para que ajeitasse o cotovelo e até quanto devia puxar a flecha, pediu para que prendesse a respiração...

— Atira!

A flecha voou em direção à trouxa de pólvora que estava rodeada de infectados e explodiu. Perfeito! A explosão da flecha desencadeou a explosão da trouxa de pólvora e uma grande bola de fogo arrebentou o terraço, jogando vários infectados para todos os lados e fazendo com que a antena começasse a cair na direção planejada. Porém, o impacto da explosão foi maior do que imaginaram, toda a estrutura sofreu um baque como uma batida de carro. Abby bateu com a cabeça na haste que estava segurando e se desequilibrou, mas antes que caísse ao vento, Lev se esticou mais do que podia para segurar o peito dela e a empurrar novamente contra a haste. Contudo isso fez com que seus joelhos escorregassem de sua haste o fazendo cair.

Foi tudo muito rápido. A batida de cabeça, o desequilíbrio, o empurrão no peito e o vulto de Lev caindo. A antena despencava em direção a um predinho de três andares do outro lado da cratera, o lado seguro. O vento era forte forçando todos a segurarem por suas vidas.

Por sorte, Lev caia em direção à antena e, após bater em algumas hastes sem conseguir se segurar, finalmente caiu com a barriga em outra haste em que se agarrou muitos metros a baixo de onde Abby e Ellie estavam. Então, a antena acertou o prédio do outro lado e vários infectados caíram ao abismo por conta do impacto. Abby e Ellie, como estavam no topo, foram arremessadas para o teto do prédio rolando uns bons metros após o impacto. O barulho foi enorme e muitos destroços e poeira voaram. Abby tossia enquanto seu corpo lutava contra a dor e dormência para ficar em pé. Olhou ao redor e viu a antena formar uma ponte entre o lado dos infectados e o lado seguro. Lev estava no meio dessa ponte, se segurando com uma mão, uma única mão que o impedia de cair metros e metros dentro do abismo mortífero de destroços e chamas. A alguns metros atrás dele, alguns infectados que conseguiram se segurar à queda continuavam engatinhando e se rastejando pelas hastes em busca do garoto.

“Eles vão alcançar o Lev” pensava Abby preocupada. Ela precisava ir ajudá-lo. Só tinha uma flecha explosiva, o que não era a melhor escolha para isso. Precisava de uma arma de fogo e só Ellie tinha uma para usar. Olhou em volta procurando a garota, e a encontrou alguns metros longe de si, jogada no chão. Saiu correndo em sua direção chamando por seu nome, mas sem obter respostas. Chegou até ela, largou o arco e a flecha explosiva no chão e pegou o revólver do coldre dela. Ellie apenas se mexeu e grunhiu como quem não estava nem dormindo nem acordada, mas naquele meio termo.

Então Abby correu em direção ao topo da antena que estava encrustado no teto do prédio. Ao colocar o primeiro pé na ponte feita pela antena, deu de cara com a cratera de destroços e fogo abaixo. Na mesma hora, sua vertigem atacou e suas pernas tremeram.


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“MERDA! Nem fodendo!” pensava Abby enfurecida. Já tinha salvado Lev de baiacus, trôpegos, Serafitas, Lobos... Podia ser qualquer outra coisa... mas altura... Era sua maior fraqueza. Abby olhou para Lev se levantando com muita dificuldade, conseguiu ficar em pé e começava a andar em direção a Abby, mas havia algo errado, ele estava lento, talvez tivesse se machucado pela queda. E o pior, um dos infectados estava muito próximo de Lev, e Lev estava desarmado. “Não, não, NÃO!” Aquela ponte de antena de rádio lembrava muito a vez que ela e Lev tiveram que atravessar de um prédio a outro por um guindaste. Abby deu dois passos e quando sentiu o desequilíbrio, sua vertigem junto ao veneno da Víbora atacou novamente a fazendo voltar involuntariamente e sentir o ambiente todo a sua volta ondular e se transformar. “PORRA! VAMOS, ABBY! VOCÊ TEM QUE SALVAR ELE! VAMO CARALHO!”

— Pensa nas partes boas do medo. — Abby escutou a voz de Lev em sua cabeça, olhou para o lado e viu o garoto. É como se ela tivesse sido teletransportada para o elevador vermelho que levava ambos para o guindaste quando estavam indo buscar suprimentos médicos para Yara. — Você corre mais, ganha foco, não sente tanta dor. — Abby olhou para frente e viu a ponte de guindaste voltar a ser a ponte de antena de rádio e, lá no fundo, o verdadeiro Lev precisando de sua ajuda, porém sua visão por conta do veneno de Víbora continuava. — Cada sensação ruim... As mãos suadas, o coração acelerado... Todos sinais de que você ficou mais forte. — Abby fechou os olhos, respirou fundo e se acalmou. — Então, quando ficar com medo, você pensa em como seu corpo se preparando pro que der e vier. — Abriu os olhos e falou junto à sua visão de Lev:

“Só na fraqueza alcanço minha força genuína.”

Abby começou a andar pela ponte de antena, seus pés firmes, seu olhar determinado fixo em Lev, suas mãos destravando o revólver. “Você é minha força genuína, Lev!”

Faltavam muitos metros até alcançar seu objetivo, Abby andava rápido pelas hastes de metal mesmo tendo que se equilibrar para não ter uma queda mortal. Lev estava fugindo não tão ágil como de costume, parecia machucado e, infelizmente, era perseguido por vários infectados, mas um em especial estava chegando bem perto do garoto.

Ellie abria os olhos mais uma vez. Não lembrava muito bem o que tinha acontecido, apenas flashs dela caindo, um forte baque que a fez perder a consciência por alguns minutos, um poeirão danado nublando ao redor e uma silhueta gritando com ela, a mexendo com os braços e pegando seu revólver. Tinha a sensação que fora Abby a autora disso. Tossia algumas vezes tentando eliminar a poeira de sua garganta, virou-se para o lado e viu o arco e a flecha explosiva de Lev e não entendeu por que estavam ali. Tentava se levantar com muita dificuldade, pois seu corpo estava inteiramente dormente, dolorido e debilitado.

O infectado que corria atrás de Lev estava muito próximo. Abby gritava para alertá-lo, mas o garoto já sabia do perigo, só não tinha condições de lutar. Infelizmente, o desgraçado alcançou Lev. Abby, desesperada, começou a correr em cima das hastes, e por conta disso, escorregou em uma delas e caiu, batendo o peito com força quando se segurou em uma haste do centro da antena. Ela acabou olhando para baixo e sua vertigem a atacou mentalmente como se fosse uma droga injetada na veia, mas Abby voltou o olhar para Lev em apuros, ignorou seus medos e se forçou a levantar e continuar seu caminho até ele.

Uma briga começou, o morto vivo tentando morder o rosto de Lev que segurava o monstro pelos ombros em uma disputa de força bruta em cima de uma haste de metal estreita sobre um abismo de entulho em chamas. E logo, o inevitável. O infectado acabou perdendo o equilíbrio e caiu por entre as ferragens, mas não antes de se segurar firmemente na perna do garoto e derrubá-lo junto. Lev conseguiu se segurar na última haste antes da queda, mas gritou quando o infectado se pendurou em sua perna tentando não cair. O garoto chutou, chutou e chutou o corredor com a outra perna até que finalmente conseguiu derrubá-lo.


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— LEV! NÃO DESISTE! EU TÔ CHEGANDO! — gritava Abby indo o mais rápido que podia. Já estava bem próxima do garoto, mas os infectados atrás de Lev também se aproximavam.

Lev ficou pendurado na haste, talvez não tivesse mais forças para subir, afinal, estava se segurando com apenas uma mão por conta do pulso quebrado. Abby finalmente chegou até ele, junto com dois corredores. Ela atirou contra eles e os derrubou facilmente.

— Vem, garoto, te peguei! — Abby puxou o garoto para cima. Lev estava desorientado, completamente perdido. — Vamos sair daqui. — Colocou Lev à sua frente e começaram a voltar para o topo da antena, o fim da ponte, o telhado onde Ellie estava, porém mais infectados se aproximavam.

Ellie finalmente havia conseguido levantar. Foi até a ponta do prédio, onde estava encrustado o topo da antena. De longe, conseguiu ver Abby e Lev voltando pelas hastes enquanto eram perseguidos por dezenas de infectados que chegavam cada vez mais perto. Abby atirava contra eles, mas era difícil acertá-los enquanto se equilibrava, fugia e mirava ao mesmo tempo.

“Os infectados... estão seguindo eles”, Ellie pensava preocupada. Se os infectados chegassem deste lado, tudo teria sido em vão. Não tinham mais munição nem energia para continuar lutando, precisava dar um jeito de impedir isso. Lembrou da flecha explosiva que Abby deixou. “Talvez...” Voltou, pegou o arco e a flecha, subiu em uma caixa d’água do telhado para ter melhor visão e começou a calcular o tiro. “Se eu conseguir acertar ali na base, talvez... talvez eu possa derrubar a antena e desfazer a ponte. Mas...” olhou para Abby e Lev que fugiam da melhor forma que podiam. “Preciso esperar que eles cheguem mais perto daqui.”

Ellie endireitou o arco, colocou a flecha e quando foi se posicionar recebeu um tremendo balde de água fria. Seu braço e mão esquerda estavam inutilizados. Sua mão destroçada pelo tiro que ela mesma se deu, seu cotovelo ferido pela agulha da tortura de Víbora, seu ombro com um ferimento de bala do seu ataque suicida no ginásio. Não tinha como segurar o arco, não tinha como firmá-lo para atirar, mas ela não tinha escolha, precisava atirar se quisesse salvar a si, Lev e Abby.

Ela tentou mais uma, duas, três vezes... sem sucesso, a dor era imensa. A corda não chegava nem na metade da tensão que precisava para fazer a flecha alcançar seu destino. E para piorar, só tinha uma flecha explosiva. Se ela errasse... acabou.

Ficou olhando ao redor pensando numa maneira de conseguir efetuar o tiro, assistiu Lev, Abby e os infectados se aproximarem cada vez mais de onde estava. Olhou para a tampa da caixa d’água em que estava e finalmente teve uma ideia. Sentou-se com pernas de índio, pegou a ponta perfurante da flecha e fez um pequeno furo na tampa da caixa d’água, encaixou o arco no buraco e usou os dois pés para firmar e impedir que o arco se soltasse. Tentou novamente armar a flecha, sua ideia funcionara um pouco, conseguiu mirar e ter um pouco mais de firmeza, mas seu braço e sua mão ainda não davam conta do recado. Sentia tanta dor em seu braço que o veneno de Víbora voltara a fazer efeito em seu corpo. Sua audição zunia em um “tuim” agudo e irritante, sua visão se enturvecia e seu corpo formigava.


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“Agora não, porra!” lágrimas escorreram de seus olhos. Já havia ultrapassado os limites de seu corpo e mente fazia tempo, desde a tortura por Víbora. Não sabia como aguentou fugir dos infectados, lutar com Víbora e ainda estar lutando naquele momento. Estava cansada, com muita dor e então, desesperançosa. Sua mente ameaçava causar-lhe mais alucinações.

“NÃO!” Ellie se negava a cair nas armadilhas de Víbora mesmo depois dela morta. Era sua última jogada, se acertasse a flecha, estariam salvos, se errasse, estariam mortos. Não podia desistir antes de efetuar aquele tiro. Decidira que iria atirar mesmo que isso inutilizasse totalmente seu braço. Respirou fundo, firmou novamente o arco no buraco da caixa d’água, o prendeu com os pés, colocou a flecha, mirou a direção e puxou a corda.

Dor, dor, muita dor! Ellie usava todas as suas forças nesse último tiro, quanto mais puxava o arco, mais a dor crescia exponencialmente. É como se ela mesmo estivesse rasgando seus ferimentos e dilacerando seus músculos enquanto se esforçava para puxar mais e mais. Ainda não era o suficiente, precisava puxar mais um pouco, mas o curativo de sua mão que segurava o arco já encharcara de sangue, o ferimento em seu cotovelo se abrira e também sangrava de pingar, seu ombro tremia ferozmente não suportando a força que fazia. Ellie começou a gritar e chorar desesperada quando viu alguém na sua frente.

— Jo... Joel?! — disse sem entender como isso era possível.

— Você indo muito bem, garota. — Ele estava agachado, sorrindo para Ellie com sua clássica jaqueta marrom e barba charmosa. — Escuta, estou contando com você lá em baixo. — Ellie lembrou de quando Joel disse isso para ela. Foi a primeira vez que ele confiou uma arma a ela, dando um rifle para lhe dar cobertura.

“Faça esse tiro valer a pena.”

Disse Joel colocando uma das mãos no ombro de Ellie e outra segurando o arco dela.

O que era aquilo? Uma alucinação? Uma lembrança? Uma visão? Não importava! Ellie estava calma, sentiu o arco se firmar e puxou a flecha o tanto que tinha que puxar, ignorando qualquer outra sensação que não fosse a ternura e paz que sentia em estar ao lado de Joel.

E então atirou.

Lev fugia meio manco enquanto Abby atirava mais e mais afastando os infectados de sua cola até que escutou o click de sua arma sem balas. Ainda havia um infectado bem próximo a eles e, sem muita opção, Abby jogou o revólver nele, acertando seu rosto e derrubando-o da ponte.

— Vamos, Lev, estamos quase lá — falou Abby avistando o telhado logo à frente.

Olhou para cima e viu Ellie em cima de uma caixa d’água atirando uma flecha que sobrevoou a antena e caiu em sua base. Outra explosão aconteceu tremendo toda a ponte e quase derrubando Abby e Lev. Toda a estrutura começou a se mover conforme a base da ponte, no local da explosão, cedia em um deslizamento de destroços em direção à cratera em chamas.

Faltavam poucos metros para Abby e Lev alcançarem o telhado, mas se não corressem, poderiam ser puxados para a cratera junto à antena que caía. Correram ignorando a possibilidade do desequilíbrio e torcendo para dar tempo de chegarem na parte segura, porém, a antena começou a deslizar mais rápido do que o imaginado e o telhado em que o topo da antena estava começava a desmoronar parcialmente.


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“Não vai dar tempo” pensou Abby pegando Lev pela cintura, que a olhou sem entender e logo foi arremessado para o telhado no mesmo momento que a antena despencou para a cratera. Lev caiu com força rolando alguns metros. Abby conseguiu segurar em uma parte do telhado que não cedera, estava pendurada por um dos braços. Colocou sua outra mão no telhado e tentou se puxar, mas a estrutura estava muito frágil e cedeu com seu peso. Abby perdeu seu apoio, sentiu aquele frio na barriga e seu corpo foi puxado pela gravidade em direção ao abismo. Talvez esse fosse o motivo de ter tanto medo de altura, pois, no final, sabia que sua morte seria em uma queda. Ali[BC3] , não tinha como lutar, não tinha como fugir, tinha apenas que aceitar seu destino e finalmente descansar de tanta luta, crueldade e desgraça. Lev estava seguro e isso era a única coisa que importava. Abby fechou os olhos.

Sentiu um tranco forte em seu pulso e seu corpo balançou como um pêndulo. Abriu os olhos e viu Ellie a segurando da morte.

— LEV! ME AJUDA! — gritou Ellie e Lev veio correndo a ajudar.

Abby nunca imaginou que veria uma cena dessas, Ellie e Lev a resgatando de uma morte certa. Puxaram Abby para o teto, os três estavam exaustos, ofegantes, sangrando e muito suados. Abby e Ellie se olharam nos olhos, nenhuma palavra foi dita, mas muita coisa foi entendida. A gratidão, o alívio, a ajuda e principalmente a superação de suas diferenças. Abby engoliu em seco.

Estavam salvos. Víbora, Cascavéis, infectados, finalmente tudo aquilo havia acabado. Estavam os três bem, sãos e salvos, e Ellie estava viva, a cura para a humanidade. Por um lapso de momento, Abby não quis que ela morresse para fazer a cura, pensar nisso embrulhou seu estômago como se tivesse que perder mais uma... amiga. Balançou a cabeça e se negou a continuar o raciocínio, não queria pensar nisso naquele momento, estavam bem e tudo tinha acabado.

Olhou para Lev, aquele garoto que mudou sua vida, que a ensinou a amar novamente, aquele que ela quase perdeu tantas vezes nessa jornada que a fez perceber que não poderia mais viver sem ele. Uma esperança de uma nova era, uma era de felicidade, de paz e de divertimento. Prometera para Lev que não participariam mais de matanças e estava disposta a levar o garoto onde ele quisesse, bibliotecas, parques de diversões, cinemas. Um sorriso junto a um choro tomou Abby e ela abraçou o garoto.

— Acabou, Lev! Estamos a salvo. — O apertava com força e acariciava seu cabelo. — Agora as coisas vão ser diferentes. Vou te mostrar as coisas boas desse mundo, vamos nos diver... — O segurou pelos ombros e o fitou com ternura, mas algo não fazia sentido. Lev estava com o rosto fechado, cabisbaixo. Parecia não escutar o que Abby falava, ou não dar importância. — Que foi garoto? tudo bem?

Lev não olhou nos olhos dela, na verdade nem olhou para Abby. Estava parado, observando o nada como se sua mente estivesse em um universo paralelo. Abby estranhou o estado do garoto.

— Não... — lamentou Ellie com um pesar melancólico.

Abby encarou ela sem entender e então voltou os olhos para Lev...



——— Continua ———

2 comentários


Emanuel Lima
Emanuel Lima
24 de mar. de 2022

Jeová dos exércitos! Que capítulo!!!!! Ansiedade a 1000000000! Quando sai o próximo?

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Kevin de Almeida
Kevin de Almeida
28 de mar. de 2022
Respondendo a

Hahaha foi intenso, fala aí. Agora estamos à beira da conclusão. O próximo capítulo também será um especial com várias paginas, por isso, só vou conseguir postar semana que vem. Valeus pelo comentário =D

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