The Last of Us Part 3 - Vol. 24 - O Bote
- Kevin de Almeida
- 10 de mar. de 2022
- 28 min de leitura
Atualizado: 14 de mar. de 2022

THE LAST OF US
PARTE III
FANFIC
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Agradeço a compreensão e respeito de todos e desejo uma excelente leitura.
Autor: Kevin de Almeida Barbosa — Instagram: @escritorkevindealmeida ; @thelastofus.part3
Capa: Rafael Cardoso — Instagram: @r.c.dossantos
Revisão: Beatriz Castro — Instagram: @beatrizcastrobooks
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O bote
— Eu não tô acreditando. As duas únicas pessoas que me desafiaram e saíram vivas estão aqui, juntas. — A voz de Víbora agressiva e cheia de energia. — Eu tirei a sorte grande!
— EU VOU TE MATAR, SUA FILHA DA PUTA! — vociferou Ellie, que sacara seu revólver e tomara cobertura tentando enxergar em meio à fumaça que nublava todo o local.
— O que você fez com o Lev?! — gritou Abby sem conseguir enxergar muita coisa.
— Não se preocupe com o garoto. Essa reunião é nossa e de mais ninguém.
— CADÊ ELE?! — Abby se enfureceu e apontou sua MP5 tentando ver a mínima silhueta que fosse, mas a granada que Víbora jogou cumpriu bem seu papel. O andar inteiro estava envolto de fumaça, a visibilidade era quase nula, conseguiam ver um a dois metros à sua frente e olhe lá.
— Se reuniu com seus companheiros, Abby. — Víbora disse seu nome acentuado em tom de deboche. Abby retorceu o cenho sem entender o que ela quis dizer com aquilo. — Aliás, todos os nossos companheiros estão no mesmo lugar agora. Eu acabei com seus Vagalumes, vocês acabaram com meus Cascavéis... Todos viraram adubo pra terra. Quer dizer, com exceção dos habitantes de Jackson que eu fiz questão de garantir um pós vida pra eles... como cabeças de shimeji ambulantes — provocou rindo com força.
Aquilo foi a gota d’água para Ellie e Abby. Ambas tinham perdido tudo, todas as pessoas que amavam, seus lares e esperanças, e Víbora, a pessoa que fodia com a vida delas por puro prazer, estava lá, na mesma sala que elas, rindo e se divertindo com a dor que causou a elas. O sangue das duas ferveu em um ódio tão grande que sentiam suas veias formigarem. Abby se negava a aceitar que ela havia matado Lev. Repetia para si mesma que o garoto estava vivo no andar de cima apesar de seu subconsciente berrar dizendo que Víbora o assassinou e que Abby tinha a obrigação de destroçar cada pedacinho daquela lunática sanguinária.
CRACK. PLECK. POW.
Vários sons começaram a vir de direções totalmente diferentes. Sons ora pesados, ora leves, ora metálicos, ora madeirescos. Víbora atirava diversos objetos das baias do escritório confundindo os sentidos de Ellie e Abby, que estavam uma de costas para a outra, atentas à fumaça procurando qualquer sinal de Víbora.
— Vamos! Agora somos só nós três! Ellie, você matou boa parte dos meus Cascavéis, mas quando nos encontramos, pufff, que decepção, não durou cinco minutos comigo... até seus amiguinhos de Jackson duraram mais. Não que eles tivessem escolha, né, tiveram que ficar em fila assistindo seus companheiros virarem cogumelos enquanto esperavam por sua vez.
Apesar do corpo machucado e debilitado de Ellie, sua fúria crescia com tanta intensidade que se levantou na intenção de partir em busca de Víbora, mas foi segurada por Abby que a olhou nos olhos e disse:
— Ela quer nos provocar pra nos separar. Ela sabe que não tem chance com nós duas juntas, não entra no jogo del...
——— Pág 1 ———
— E você, Abby? Ellie te salvou de Santa Bárbara, e creio que aquele garoto, Lev, não é mesmo? Acho que foi por conta dele que você conseguiu fugir da Floresta Negra. Mas ninguém vai vir te salvar dessa vez, sabe por quê? — Víbora encheu os pulmões e falou com gosto: — Porque eu mesma matei os Vagalumes, seu namoradinho e aquele garoto irritante e metido.
Abby socou com força a parede da baia em que ela e Ellie tomavam cobertura. Ela sabia que isso foi burrice, que o barulho revelaria a posição delas para Víbora, mas não conseguiu se conter, seu sangue borbulhava por seu corpo fazendo-a querer caçar Víbora no mano a mano e matar ela na base do soco.
— Ah... e sabe quais foram as últimas palavras dele? — Os olhos de Abby se arregalaram ao escutar Víbora, que riu maliciosamente ao continuar. — Nenhuma! Ele nem teve tempo de falar antes d’eu ter jogado ele de almoço pros infectados ha ha ha ha
— DESGRAÇADAAAAAA! — Abby levantou e abriu fogo com sua MP5 atirando horizontalmente em todas as direções. O pente se foi em um piscar de olhos e o mais frustrante foi que quando os barulhos de tiros pararam, só restou a risada debochada de Víbora ao fundo.
Abby percebeu que estava caindo direitinho no jogo de sua inimiga exatamente como tinha dito para Ellie não cair. Em seguida, escutou Ellie desmoronar de joelhos tossindo compulsivamente.
— Ei! Ellie! O que você tem? — Abby tentou ajudá-la, mas sem sucesso, a garota estava em uma crise de tosse eufórica, nem conseguia encarar Abby nos olhos.
Então, Abby começou a sentir um forte incômodo na garganta. Seus olhos começaram a arder e a risada de Víbora ao fundo pareceu oscilar como se um trêmulo de guitarra distorcesse os tons para agudos, graves e então agudos de novo. Abby começou a tossir também, com menos intensidade que Ellie, mas, ainda assim, estava preocupada com o barulho que fazia, isso atrairia sua inimiga logo, logo. Ela vigiava ao redor em busca de Víbora, mas notara que a fumaça em que estava parecia mudar de cor e ia mais além, parecia dançar e ondular de vez em quando. Abby coçou seus olhos fortemente tentando despertar de sua visão alterada, mas não funcionou. Sentia seu corpo formigar de leve ao mesmo tempo que sua cabeça parecia inflar como um balão.
— Vocês já devem estar sentindo os efeitos. Também, com tanto ódio no coração assim, faz ele bombear seu sangue bem mais rápido. Já está correndo por todo corpo de vocês — falava Víbora em tom de triunfo.
— O que você fez com a gente?! — gritou Abby, apontando sua MP5 em todas as direções.
— Sabe, Abby... um bom predador deve aprender com seus próprios predadores. Eu achava fascinante como os Baiacus tiravam uma parte do seu próprio corpo e a jogavam como uma granada venenosa infectando suas presas com seus esporos...
“Por que ela continua falando?” pensava Abby. “Por que ela ainda não veio nos atacar? Tenho certeza que ela já sabe nossa posição pelas tosses da Ellie”.
— Pensando nisso, eu criei algo parecido. Foi bem difícil manipular as desintegrinas venosas e estabilizar sua forma molecular em um estado gasoso. Mas depois de muito trabalho duro, consegui criar uma granada que simulasse um efeito de indolalquilamina.
——— Pág 2 ——— “Não faz sentido ela explicar o que fez com a gente, sem contar que assim ela indica a direção em que está. Por quê?” Abby raciocinava tentando entender qual era o plano de Víbora. Já a conhecia o suficiente para saber que não devia subestimá-la. Um movimento mal pensado poderia ser a diferença entre a vida e a morte. Precisava descobrir o que Víbora estava planejando e rápido.
— Claro que o efeito não é tão eficaz dessa forma, serve apenas para confundir os sentidos da presa. Eu mesma já respirei este veneno tantas vezes que hoje, pra mim, é como se estivesse fumando um baseado ha ha. Maaaaas, quando a presa já está lotada desse veneno em seu corpo... ha ha aí é outra história.
“ELLIE! Ela tá ganhando tempo pro veneno agir no corpo da Ellie.” Abby agachou ao lado de Ellie, que estava ajoelhada, os olhos vermelhos e um pouco trêmula.
— Vamos, Ellie, reage! Eu preciso de você comigo — falava Abby, porém Ellie já estava com o olhar distante.
— Ellie! Socorro! Sou eu... Joel! Abby tá tentando me matar. Me ajuda! — gritou Víbora engrossando a voz.
Abby olhou em direção à voz de sua inimiga. Surpreendeu-se em saber que Víbora conhecia Joel. Mas como? Será que Ellie havia contado enquanto estava sendo tortura...
Antes que pudesse terminar seu raciocínio, recebeu um murro muito bem dado no queixo e caiu no chão desorientada. À sua frente, estava Ellie, em pé, a fitando com ódio. Havia socado Abby e sacara sua arma preparando-se para atirar na garota.
— ELLIE! Víbora tá mexendo com a tua cabeça! SAI DESSA! — implorou Abby.
Ellie encarou Abby confusa, sua expressão perdida e aflita. Viu Abby caída e seu próprio revólver apontado para ela. Baixou a arma e levou a mão à cabeça que doía como nunca.
— É mentira! Abby tá aqui pra matar o Joel! Você precisa salvar o Joel! — gritou Víbora.
— Não escuta ela, Ellie. Eu tô te ajudando. — Abby se levantava lentamente com as mãos à mostra.
— SAIAM DA MINHA CABEÇA! — berrou Ellie atirando ao vento e correndo sem direção ao meio da fumaça.
Tropeçava nos fios, esbarrava nas quinas das mesas e paredes, mas continuava correndo. Ao seu redor, a fumaça se moldava transformando o ambiente. Alguma coisa a dizia que estava na estação de rádio de Jackson, porém, alguns segundos antes, foi como se tivesse sido transportada para a cabana onde Joel havia sido assassinado. Ela tinha certeza de ter vistos as vidraças congeladas pela tempestade de neve, o piso de madeira e, infelizmente, Joel ensanguentado no chão pedindo ajuda enquanto Abby estava à sua frente segurando um taco de golfe. Agiu por puro instinto para proteger seu querido Joel, mas... como num piscar de olhos, estava novamente na estação de rádio.
O ferimento em seu joelho, onde Víbora havia cravado a agulha, queimou com a corrida, fraquejou sua perna e a derrubou. No chão, Ellie sentia seu corpo dormente, sentia o sangue correndo em suas veias e passando por seus ferimentos que latejavam doloridos. A cada batimento cardíaco, sentia sua cabeça se espremer em apontadas de enxaqueca. Era como se estivesse novamente em seu quarto com Víbora a torturando.
——— Pág 3 ———
Era muito difícil raciocinar em meio a tanta dor, fumaça e tensão, como se o veneno embaralhando seus sentidos já não fosse o suficiente. Contudo, conseguiu, em um lapso momentâneo de sanidade, pensar em fugir em vez de lutar. Ela era um perigo para Abby naquele momento, não sabia do que era capaz, mas sabia que o veneno consumia cada vez mais seu corpo ao ponto de ser uma espectadora assistindo a sua sanidade se esvair.
— Ellie, precisamos acabar com a Abby. Ela quer me matar. Eu, Joel — continuava Víbora engrossando sua voz.
“Filha da puta traiçoeira, que golpe sujo!” Abby sabia que estava em apuros. Não fazia sentido ficar gritando com Ellie, assim continuaria revelando sua posição para Víbora. Além do mais, precisava terminar com isso rápido, quanto mais tempo ficassem na fumaça, mais envenenadas ela e Ellie ficariam, e isso era vantagem para Víbora que dizia não sentir o efeito com a mesma intensidade. Então decidiu mudar a estratégia, já que Víbora continuava se passando por Joel, ia seguir sua voz para achar sua posição e dar um fim a isso antes que Ellie surtasse novamente. E assim o fez, seguiu caminho sorrateiramente tomando cobertura pelas baias da estação de rádio. A cada encenação de Víbora, Abby escutava melhor sua voz e, consequentemente, ficava mais próxima. Até que finalmente deu de cara com uma parede, a voz era nítida à direita dela, sabia que ao virar a esquina da baia daria de cara com Víbora.
— Ela me achou, Ellie, não deixa ela me matar! — A voz de Víbora soava sádica.
Abby recuou. Como era possível sua inimiga saber que estava prestes a ser encontrada? Abby não estava falando para não revelar sua posição, o local estava cheio de fumaça densa e Abby tinha certeza de ter andado agachada o caminho todo. Devia ser um blefe, não era hora de fraquejar, precisava acabar com isso de uma vez por todas. Pegou sua MP5, virou a esquina e mirou onde deveria estar Víbora.
Nada! Não havia nada além de uma mesa e uma cadeira em cima dela. Uma cadeira em cima da mesa? Quando Abby olhou para cima era tarde demais. Víbora havia subido em uma alta prateleira na parede e apontava seu revólver direto para Abby. O disparo foi feito. Abby, por puro instinto, tampou seu rosto com a MP5 e escutou a bala acertar o meio de sua arma, derrubando Abby sentada para trás.
Abby rolou para a cobertura da parede. “Maldita! Ela tava me vendo de cima.”
— Lobos não olham para cima. — Viu Lev ao seu lado, com uma floresta ao fundo, lhe lembrando deste fato.
— LEV?! — disse, encarando o garoto, que se desfez em fumaça revelando um aspirador de pó encostado em dois vasos grandes de plantas tropicais.
O veneno começava a agir mais agressivamente. A visão de Lev, mesmo que por um segundo, trouxe uma esperança e excitação no coração de Abby, mas ao recobrar a sanidade e lembrar de Víbora dizendo que o matou, fez Abby passar por uma montanha-russa de sentimentos que fazia seu coração bater mais rápido. “Não! Preciso me manter calma, isso só vai acelerar a ação do veneno.” Pegou sua MP5 do chão e averiguou se o tiro havia causado algum dano sério. Infelizmente, sim. Sua arma estava quebrada e então Abby estava desarmada.
Enquanto observava sua MP5, Abby viu um vulto de relance, encarou ele e viu um pequeno espelho pendurado na cabine à sua frente e nele refletia Ellie mirando seu revólver para as costas de Abby.
——— Pág 4 ———
BLAM!
O tiro pegou de raspão no ombro dela, que havia desviado por pouco e já partira de encontra à Ellie, que tentou atacá-la com uma coronhada, mas Abby acertou um belo e sufocante soco no estômago, desmontando Ellie por inteira. Em seguida, foi segurada pelos enormes braços de Abby que abraçaram-na com força.
— ACORDA, ELLIE! Víbora tá mexendo contigo. Ela te enven...
BLAM!
Outro tiro, porém, esse sem vulto, sem aviso prévio, sem chance para desviar. O tiro passou triscando o pescoço de Ellie e acertando o peito de Abby, que caiu para trás dolorosamente.
— Te salvei, Ellie! Quase que a Abby conseguiu te matar. Fica perto do Joel aqui, não deixa ela te confundir. — A voz de Víbora vinha longínqua.
Assim que Ellie escapou do abraço de urso de sua parceira, correu cambaleante para dentro da fumaça. Após alguns passos, caiu de joelhos e seu estômago regurgitou uma espuma branca. O soco de Abby havia abalado as estruturas da garota já debilitada.
— Aaaabbyyyy... — Víbora marchava triunfante. Sabia que a Besta Ruiva não seria mais um problema para ela, e sabia que seu tiro havia acertado em cheio Abby. Era hora de acabar com isso, aproveitar que a musculosa estava baleada, envenenada e desorientada. Sua caça estava quase concluída e arrancaria alguma parte do corpo de Abby para levar como um troféu. De Abby e de Ellie em seguida, as presas que mais pressionaram e excitaram a poderosa predadora, Víbora.
Andou alguns metros e chegou onde havia baleado Abby, mas só encontrou sangue espalhado por todo lado. “Perfeito! O tiro foi profundo.”
— Não me diga que já desistiu por conta de um tirinho. — Agachou-se e começou a procurar pelos rastros, e logo encontrou. Uma mancha de sangue aqui, outra ali, e em seguida um barulho leve e outro. Sua presa estava perdendo muito sangue, o que a fazia cambalear e esbarrar pelas baias que formavam um labirinto em meio à fumaça e para ajudar a predadora, Abby havia colocado a mão no ferimento e acabara marcando todo lugar por onde se apoiava.
“Humph... não vou precisar mais disso” pensou Víbora guardando seu revólver. “Tá na hora de me divertir um pouco com ela” e sacou sua faca de combate.
Víbora seguia os rastros de Abby com um sorriso largo no rosto, ansiosa por espancá-la antes de decidir qual parte de seu corpo arrancaria como troféu. Logo mais, escutou um som de algo pesado caindo no chão na esquina de uma baia. “Não acredito, será que ela já desmaiou?”. Víbora ficou desapontada ao imaginar Abby caída no chão sem ao menos lhe oferecer uma luta mano a mano. Mas também, matar o amiguinho dela, virar a outra amiguinha contra ela e envenenar o andar inteiro... Víbora sentia um misto de emoções, extremamente satisfeita com sua caça minuciosamente perfeita, porém, um pouco chateada por superestimar suas presas esperando que durassem um pouco mais para prolongar sua diversão. Enfim chegou à esquina onde Abby estava.
— Vaaamos, só estamos começando a nos divert... — Engoliu em seco quando viu uma mochila e uma cadeira no chão onde esperava encontrar Abby agachada ou caída pela quantidade de sangue que ela perdera durante o caminho.
— AAARRGGHH!
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Minutos antes...
“Caralho! Que merda! ” Abby tomou cobertura após ser baleada por Víbora e deixar que Ellie fugisse novamente. A bala havia acertado a alça de sua mochila, amortecendo o tiro e fazendo com que a bala não perfurasse tão fundo seu peito, porém arrebentou a alça e fez a mochila se perder na batalha. Abby olhou ao redor nas baias, vasculhou na da direita, na da esquerda, abriu gavetas e encontrou, um arranca grampos e uma camisetinha velha que enrolou e pôs na boca. Em seguida, enfiou o arranca grampos em seu próprio peito, forçando o metal contra sua pele até conseguir tirar a bala de dentro de si. A dor foi intensa, o sangue frio maior ainda, mordeu com força a blusinha abafando seu grito, tentando manter o máximo de discrição possível.
Abriu os olhos e viu Jerry, seu pai, deitado no chão, morto, com Joel em pé ao lado dele segurando um revólver. Piscou algumas vezes e seu pai se tornou Lev e Joel se multiplicou em vários infectados que devoraram o garoto sem dó nem piedade. Abby fechou os olhos com força, deixando uma lágrima escorrer deles. Estava desesperada. O veneno ficava cada vez mais forte, Víbora se divertia enquanto a caçava. Ellie estava em uma situação mil vezes pior que a dela, afundada em dor e sofrimento, sendo controlada pelo veneno de Víbora e, o pior de tudo, não tinha Lev ao seu lado para ajudá-la e lhe dar esperanças. Nem sabia se o garoto estava vivo. Poderia ser apenas um jogo mental de Víbora, um blefe para desconcentrá-la da batalha, mas poderia não ser. Se ele estivesse morto... de que serviria a cura...? Para que continuar lutando?
— Aaaabbyyyy... — Ao escutar a voz zombeteira de Víbora, Abby se enrijeceu.
Não importava mais o futuro. Não tinha que pensar no depois, tinha que pensar naquele momento. E naquele momento, Víbora tinha torturado e envenenado Ellie, tinha transformado uma cidade inteira em infectados, provavelmente matado Lev e estava prestes a matar Abby. Não tinha o que pensar. Era hora de pôr um fim nisso. Era hora de fazer Víbora pagar por tudo que tinha feito. Era hora de matar Víbora nem que isso custasse sua própria vida. Fechou os olhos e pensou por um instante, Víbora sempre se gabava de ser a maior predadora e que o resto eram suas presas. “Vamos, Abby, pensa.” Qual é o momento em que o predador fica mais vulnerável? Um estalo veio à mente de Abby. Ela havia fugido deles na Floresta Negra porque eles estavam comemorando, ela conseguiu resgatar Ellie porque os Cascavéis também estavam comemorando. O predador fica vulnerável quando ele acha que abateu sua presa, quando comemora sua vitória.
Então, pegou duas canetas e uma borracha da escrivaninha e saiu andando agachada enquanto deixava rastros de seu sangue com a mão no chão, paredes e baias.
— Não me diga que já desistiu por conta de um tirinho — provocou Víbora com prazer, mas Abby continuou sem responder.
Abby começou a jogar os objetos a poucos metros de onde havia acabado de passar, como se induzisse Víbora a achar que Abby estava mais atrás do que realmente estava. Para isso os objetos leves, para parecer que os sons não eram propositais, que eram esbarrões de alguém que estava sangrando muito, de alguém debilitado que fugia por sua vida e acabava deixando rastros de sangue. Mas esses rastros estavam se esgotando, Abby já usara todo o sangue que havia escorrido do ferimento do seu peito e do tiro de raspão que levou de Ellie. Precisava de mais sangue, só assim conseguiria convencer Víbora de que estava realmente abatida. Ainda estava com o arranca grampos e o usou para fazer um corte superficial no braço. Acertara uma veia, o que ajudou no sangramento.
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Andou por mais alguns metros até encontrar uma mochila em cima de uma cadeira perto da parede, o cenário ideal para uma armadilha. Então, deixou seu último rastro de sangue e parou o sangramento com a blusinha que mordeu quando tirara a bala de seu peito. Em seguida, derrubou a mochila e a cadeira no chão, e se escondeu em baixo da mesinha da baia logo na esquina de onde Víbora surgiria se tivesse seguindo seus rastros. Tudo devidamente preparado, porém, sua visão se escureceu e seus ouvidos começaram a zunir. Havia perdido sangue muito rápido e sua pressão oscilou em meio a toda a tensão e veneno. Sentia o ambiente ondular à sua volta e a fumaça começava a tomar formas indesejadas. Abby pegou o cantil de água do seu bolso e jogou no seu rosto e nuca, precisava despertar daquilo, Víbora estaria lá a qualquer momento. Esfregou seu rosto com força e respirou fundo. Abriu os olhos, sua visão começava a voltar ao normal, mas ainda estava muito escura, e a fumaça no ambiente ajudava a manter a cegueira. Seu corpo suava frio e seus ouvidos ainda zuniam quando escutou Víbora.
— Vaaamos, só estamos começando a nos divert...
Viu de relance as calças militares à sua frente. Não estava em boas condições para lutar, sua pressão ainda não voltara totalmente, mas se não aproveitasse essa chance, Víbora a acharia e a mataria ali mesmo. Respirou fundo e partiu para o ataque.
— AAARRGGHH!
Abby agarrou Víbora pela cintura e avançou com tudo para frente em um forte empurrão prensando Víbora na parede de Drywall, que se quebrou no formato das costas da mulher prendendo-a. O braço de Víbora se bateu com tudo na quina da parede, fazendo-a largar sua faca de combate. Mesmo surpresa com a emboscada, não se intimidou e atacou Abby com uma joelhada, mas a garota defendeu com seu cotovelo e, ainda agarrada em Víbora, pressionando-a contra a parede com o ombro e segurando sua cintura com um dos braços, Abby deu um murro forte na costela de sua inimiga.
Sentiu com o impacto que uma ou duas costelas de Víbora já deviam estar trincadas por algum motivo, e Abby só terminou de quebrá-las. Víbora berrou e se contraiu, mas não deixou barato. Levantou seus braços, juntou as mãos como um balaço e desceu-as com ferocidade na coluna de Abby. O impacto fez a garota cair de joelhos e perder totalmente o ar. Sua pressão novamente voltou a oscilar fazendo sua visão escurecer, mas Abby não podia se dar por vencida então, ela estava prendendo Víbora na parede e tinha as costelas quebradas dela vulneráveis para outro ataque, e assim desferiu outro murro mesmo sem enxergar.
Mais uma vez acertou o ponto fraco de Víbora, que gritou ainda mais forte e dessa vez finalmente demonstrou que também podia ser derrotada. Seus joelhos fraquejaram e ela caiu debruçada em cima de Abby, seu rosto colado na nuca da garota, e então, cravou seus dentes na orelha dela.
Abby escutou os dentes rasgando a carne de seu ouvido, seu sangue borbulhando, e a respiração de Víbora quente em sua nuca. Com rapidez, firmou seu joelho, encaixou seu ombro na cintura de sua inimiga e usou um movimento de cintura para alavancar seu braço e arremessar Víbora contra outra parede de Dryall que se partiu com o impacto.
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Após o golpe, Abby caiu de joelhos e sentiu todos os seus sentidos se embaralharem. A fumaça pareceu ficar mais densa, sua visão ondulava como se estivesse de olhos abertos em baixo d’água, sua respiração ofegante falhava vez ou outra e seu corpo começara a formigar. Um zunido infernal vinha de dentro de sua cabeça do lado esquerdo, desorientando-a de tudo que estava acontecendo. Ela levou a mão onde vinha o zunido e começou a sentir uma dor aguda e intensa. Ao olhar sua mão, estava encharcada de sangue. Em seguida, viu de relance um vulto de onde acabara de jogar Víbora. A poeira da parede quebrada baixava, a fumaça dava espaço a uma haste levantada. Haste? Não. Um braço. E na mão estendia estava sua orelha.
— Ha ha ha finalmente consegui meu troféu! — comemorou Víbora. Ela se levantou devagar dos escombros, seus movimentos precisos e cautelosos, demonstrando que sentia dor ao se mexer. — É, garota, você sim é uma presa digna de se tornar um troféu meu. — Brincou com a orelha balançando-a para Abby. — Sabe... Ellie era uma excelente pretendente também. Massacrou meus Cascavéis sozinha, fez um ataque suicida quando a gente se encontrou no ginásio, o que eu realmente não esperava, e mesmo depois de toda tortura e envenenamento, ela continua lutando. Realmente impressionante. — Havia se sentado nos escombros, posto a mão nas costelas e guardado a orelha de Abby em um dos bolsos de seu colete militar. — Eu fiquei muito puta quando meu falecido pessoal fuzilou ela, tanto que explodi a cabeça de uma das desgraçadas. Porra! Eu queria tanto ter enfrentado ela de frente, visto do que ela era capaz com meu próprio corpo em combate, mas tive que me contentar em me divertir só com a tortura. — Deu de ombros, parecendo decepcionada e conformada.
Abby sabia o que ela estava fazendo, estava ganhando tempo. Sabia que tinha quebrado algumas costelas dela e que depois de ter sido jogada com tanta força, precisava de um tempo para se recuperar. Mesmo assim, Abby deixou que continuasse a falar, até porque ela mesma também precisava desse descanso. Havia perdido muito sangue, e então sua orelha, e a porcaria do veneno cada vez mais tomava conta de seu corpo, parecia que quanto mais cansada ela ficava, mais o veneno ganhava força.
— Mas dái surge você. — Víbora apontou para Abby, como uma criança aponta curiosa para um inseto que a intriga. — Eu não dava nada pra você, só uma garota musculosa e tal. Só que aí, você foge da gente, e depois, quando encontramos os Vagalumes, você dá um jeito e escapa de novo. Que presa escorregadia. E não contente em me provocar assim, ainda vem pra Jackson FODER COM TUDO! — Socou a mesa com raiva. Estava falando calma até que se enfureceu com esse soco. Em seguida, respirou fundo, ajeitou o cabelo, como alguém que percebe que perdeu o controle e está se recompondo. — Me diz, foi você que libertou os reféns e os infectados?
— Só os reféns. Libertar os infectados seria suicídio — respondeu Abby, já com seu fôlego e pressão um pouco melhores.
— Concordo. Quem libertou os infectados com certeza foi comido em seguida — respondeu, coçando o queixo. — Olha, eu te dou os parabéns. Em sete anos de Cascavéis, nunca houve alguém que fez a proeza de fugir de nós duas vezes, e que depois ainda teve a pachorra de vir nos enfrentar uma terceira. Você merece meu respeito. — Foi se levantando dos escombros. — Mas agora eu quero ver se você é realmente uma predadora ou se é só uma presa que teima em morrer.
Abby a viu se preparando para a batalha, seus olhos demonstravam excitação, ansiedade, diversão, mas medo?! Não, com certeza não captava nenhum sinal de medo nela. Era uma oponente assustadora. Abby nunca havia lutado com uma humana tão esperta e letal. Enfim, se esforçou para se levantar. Havia recuperado seu fôlego, apesar de ainda estar se sentindo fraca pela perda de sangue, cansaço e envenenamento.
——— Pág 8 ———
— Sem Vagalumes. Sem Cascavéis. Sem armas. Apenas eu e você numa bela trocação de soco sincera. Como tem que ser — disse, abrindo um largo sorriso prazeroso, como se estivesse prestes a saborear o melhor momento de sua vida. Tirou seu colete e o jogou no chão, ficando apenas com sua regata bege rasgada, suja e manchada de sangue. Levantou os punhos em guarda, coçou o nariz com o dedão e encarou Abby nos olhos. — Tá na hora da diversão.
Víbora investiu muito rápido, mais rápido do que Abby poderia imaginar dando tempo apenas para fechar a guarda, e assim tomou dois socos nos braços que protegiam seu rosto. Abby contra-atacou com um soco reto, mas Víbora esquivou-se facilmente e acertou-lhe um murro na costela direita. Abby tentou dessa vez um cruzado, mas novamente Víbora agachou-se como uma boxeadora profissional e acertou mais dois socos nas costelas esquerdas. Já que não conseguiu acertar com golpes rápidos, Abby apelou para força bruta, juntando seus punhos e jogando seus dois braços pesados como um pêndulo na direção de Víbora, que fechou a guarda, mas não foi o suficiente para segurar a força de Abby que a lançou contra outra parede, dessa vez de concreto.
Abby tentou esmagá-la com um chute na parede, mas a mulher era muito rápida. Esquivou-se para trás e se movimentava para esquerda e direita com a guarda bem fechada encarando Abby nos olhos, então avançou com um soco rápido que por pouco não acertou o rosto de Abby, mas o segundo já era visível que estava a caminho. Abby protegeu seu rosto com o braço esperando o impacto, mas em vez disso, recebeu um chute solado no estômago, jogando-a para trás.
“O quê?! Uma finta?!” Abby não esperava por essa, Víbora fingiu que iria socar para confundir a defesa de Abby e acertá-la com o chute, e antes que pudesse terminar a linha de raciocínio, sua inimiga já investia novamente com um cruzado. “Direita!” pensou Abby ajeitando sua guarda, porém mais uma vez Víbora fintou, girou sua cintura, deu uma volta e socou o outro lado de Abby com as costas da sua mão em um soco giratório bem na orelha decepada dela, que gemeu totalmente atordoada.
— Vaaaaamos, garota, você pode fazer melhor que isso — zombou Víbora, pulando para direita e para esquerda como uma boxeadora.
Víbora era muito rápida, e claramente sabia artes marciais. Abby, apesar de maior e mais forte, não conseguia acompanhar o ritmo nem prever os golpes. Precisava mudar a estratégia de luta, tinha que usar seu tamanho a seu favor. Então se recompôs, encarou Víbora com firmeza e chamou ela para batalha com a mão.
— Assim que eu gosto! — Víbora avançou novamente, ameaçando golpeá-la com outro soco.
Abby esperou Víbora se aproximar e em vez de se defender ou esquivar, se jogou contra sua inimiga com uma bela ombrada. Víbora foi surpreendida, desviar de um soco era uma coisa, mas de uma investida com todo o corpo enquanto ela mesma atacava, não tinha o que fazer. Foi acertada com força e perdeu o equilíbrio, Abby aproveitou e chutou as pernas dela, derrubando-a pesadamente. Em seguida, tentou pisotear Víbora que saiu rolando. Abby seguiu pisando e pisando, até que Víbora virou a esquina de uma baia e puxou um fio de tomada. Jogo sujo! Abby tropeçou e quase caiu, se não fosse uma mesinha que a ajudou a se apoiar. Víbora aproveitou a oportunidade e chutou o joelho de Abby, fazendo-a se agachar, e então grudou nas costas dela em um mata leão.
O ar parou de chegar nos pulmões de Abby, que tentava se libertar sem sucesso. Víbora chegou perto da única orelha de Abby, deu uma risadinha e bateu os dentes provocando-a como se fosse morder a última orelha da garota. Isso a assustou de tal maneira que jogou seu corpo para trás com fúria e esmagou Víbora contra a parede, finalmente se libertando do sufocamento.
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Abby virou-se e socou pesadamente o rosto de Víbora, que pareceu perder a consciência por um ou dois segundos e, aproveitando-se disso, Abby segurou o pescoço dela com as duas mãos enforcando-a. Víbora tentou tirar as mãos de Abby com força, arranhões e beliscões, mas nada parecia funcionar. Abby assistia à cabeça de sua vítima ficando vermelha e inchada, os olhos lacrimejando e a voz rouca e falha grunhindo até que recebeu uma joelhada perfeita nas suas partes baixas seguido de um empurrão, fazendo Abby a soltar e se afastar.
Foram cinco segundos onde ambas tomaram fôlego enquanto se recuperavam da dor que sentiam. Víbora se recuperou primeiro e lascou-lhe um soco na maçã do rosto, em seguida outro, e outro. Então Abby abraçou Víbora prendendo-lhe os dois braços, jogou a cabeça para trás e deu-lhe uma cabeçada com força. Abby viu a cabeça de Víbora cair para trás ao mesmo instante que seus joelhos fraquejaram e se dobraram. Parecia ter desmaiado. Encarou o rosto sangrando de Víbora, sua cicatriz horrenda e a lateral de sua cabeça raspada, até que, do nada, Víbora abriu os olhos, sorriu sadicamente, esticou seus joelhos pegando impulso e acertou uma cabeçada estrondosa no nariz de Abby, jogando a garota para trás que cambaleou e se apoiou em uma mesa de baia, dando as costas para a inimiga.
Víbora se aproxima rindo para acertar Abby, mas foi surpreendida quando a garota usou a mesa de apoio para dar uma voadora com os dois pés no peito de Víbora, jogando-a com tudo para uma mesa de uma baia oposta àquela que Abby estava.
— Humph.. huph... isso... ISSO, GAROTA, ISSO! É DISSO QUE EU TO FALANDO PORRA! HAHAHA! — Víbora cuspiu sangue — Finalmente uma predadora que não é um fungo.
Abby se levantou com muita dificuldade, apoiando-se novamente na mesa à sua frente. Observou Víbora, estava escorada na mesa, com uma das mãos nas costelas, encarando Abby em um sorriso com dentes pintados de vermelho e um belo de um olho roxo. Abby não estava tão diferente, o rosto inchado, nariz quebrado, visão turva... A luta não se prolongaria por muito mais, nenhuma das duas aguentava continuar se esbofeteando. Precisavam acabar com isso naquele momento.
— Fazia tempo que não me divertia tanto — falou Víbora tentando se ajeitar, mas parecendo não conseguir se mover muito bem pelas costelas quebradas. Abby arrumou a postura, pôs as mãos no nariz e, com um tranco, colocou ele no lugar. Ela grunhiu de dor e sentiu mais uma vez o ambiente ao seu redor ondular por conta do veneno em seu corpo, mas precisava pôr o nariz no lugar se quisesse respirar. Víbora riu impressionada e continuou: — Você é jovem, forte, resistente e tem muita garra. Várias vantagens contra alguém com o dobro da sua idade. Mas, sabe, a idade traz inteligência, malícia, experiência... habilidades que se você tivesse, talvez o garoto da cicatriz ainda estaria vivo.
Abby partiu para cima sem pensar duas vezes. Sabia que sua inimiga estava a provocando, mas Víbora estava no seu limite, mal conseguia se mover por conta das costelas quebradas, e Abby queria fazê-la pagar pelo que fez a Lev, queria acabar com isso de uma vez por todas. De um jeito ou de outro. Víbora riu e jogou uma caixinha de tachinhas de cima da mesa no rosto de Abby. A tática suja funcionou, cortou o rosto de Abby em vários lugares e fez a garota fechar os olhos para se proteger. Foi por pouco tempo, mas o suficiente para Víbora dar uma bela joelhada no estômago de Abby, fazendo-a envergar-se com o impacto e, em seguida, Víbora fechou uma mão na outra como um balaço, fez um movimento com os ombros para simular um pêndulo e acertou em cheio, de baixo para cima, o queixo de Abby, jogando-a a alguns metros.
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Abby caiu pesadamente. Seu ouvido zunia de forma infernal, sua cabeça girava como se estivesse embriagada, seu corpo dormente não aguentava mais lutar. No chão, viu algo metálico cintilar por debaixo de uma mesa.
— Acabou, garota! Você lutou muito bem. Não pensei que ainda pudesse me sentir tão viva nessa idade. Devo-lhe agradecer pela diversão. — Víbora se aproximava ainda com a mão nas costelas. Abby cuspiu um dente, encarou Víbora com medo e tentou fugir se arrastando em direção a uma mesa. — Vamos, não me faça perder o respeito por você. Morra com dignidade e não se arrastando por sua vida — disse Víbora, puxando um dos braços de Abby, que virou ferozmente com a faca de combate que Víbora havia derrubado no começo da luta e cortou ao meio um dos peitos de Víbora.
Abby jogou-se em cima de sua inimiga, derrubando-a no chão, ficando por cima dela e tentando cravar a faca em seu coração. Víbora estava com um dos brações presos no meio das pernas de Abby quando a garota sentou em cima dela e, por isso, segurava os punhos de Abby com apenas uma mão. Óbvio que não seria o suficiente para impedir a força dos braços musculosos, consequentemente, a faca começava a perfurar o tórax de Víbora gradativamente. Ambas gritavam com fervor, Víbora de dor e desespero por sentir a faca chegando perto de seu coração, Abby de fúria, revolta e principalmente vingança por Lev. Mas como última cartada, Víbora aproveitou a mão presa em baixo de Abby e enfiou com força seus dedos nos orifícios íntimos de Abby que, por puro reflexo corpóreo, se retraiu e fraquejou a base de suas pernas. Foi o suficiente para Víbora usar um movimento de Jiu-jitsu de troca de bases e em poucos segundos, Abby estava no chão e Víbora em cima dela.
Abby tentou usar a faca, mas Víbora, traiçoeira, puxou seu revólver dando uma coronhada na mão de Abby e jogando a faca para longe. Mirou na cabeça de Abby e...
POW!
.
.
.
A cabeça de Abby sangrando... Mas só de raspão em sua lateral, pois havia conseguido jogar a cabeça para o lado ao mesmo tempo que empurrara a arma para o outro lado com sua mão. Víbora estava parada encarando-a, parecia não acreditar que Abby conseguira desviar daquilo. Abby aproveitou o segundo de distração e devolveu o golpe baixo, chutando Víbora nas partes íntimas, tirando-a de cima de si e puxando o revólver de sua mão.
— ESPERA! LEV TÁ VIVO! — gritou Víbora ajoelhada com as mãos no alto de frente para Abby que mirava a arma para sua cabeça. — Só eu sei como salvar el...
— MENTIRA! — vociferou Abby, suas mãos tremendo em um dilema sufocante. Sabia que Víbora estava mentindo e almejava enfiar uma bala no meio da cara dela, porém, também queria muito acreditar que Lev estava vivo, afinal, ele era tudo para ela.
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— ELE TÁ VIVO! E eu tenho um antídoto pro envenenamento seu e da Ellie, mas precisa de mim viva pra saber qual dos frascos é antídoto e qual é veneno. — Víbora desviou rapidamente seu olhar um pouco para o lado.
Abby não sabia se o veneno era letal. Se fosse, matar Víbora seria em vão, pois ela e Ellie morreriam logo em seguida e a cura se perderia para sempre. Contudo, Víbora era perigosa demais para se deixar viva, e as chances de estar blefando eram enormes.
— Abby, você não pode me matar. Eu sou o Joel, lembra? — disse Víbora enfiando uma das mãos no bolso da calça e isso foi o suficiente para Abby decidir não arriscar e puxar o gatilho.
CLACK!
A arma estava sem balas.
Víbora riu maliciosamente e falou:
— Viu, Ellie? Ela quer me matar! Salva o Joel!
Quando Abby se deu conta virando para trás, era tarde demais. Ellie havia lhe dado uma coronhada, derrubando-a no chão e subindo em cima dela logo em seguida. Abby estava muito debilitada, exausta, com a cabeça sangrando do tiro de Víbora e corpo o não respondendo seus comandos. Não conseguia mais lutar. Ellie colocou o revólver na testa de Abby.
— Ellie, não faz isso — implorou Abby, encarando os olhos confusos da garota.
— Ela me torturou, Ellie. Seu querido Joel — dizia Víbora, se levantando com bastante dificuldade.
Ao escutar isso, sons de tacadas de golfe e gritos de Joel invadiram a mente de Ellie que piscava, tentando tirar a imagem de Joel ensanguentado de sua cabeça.
— Ellie, por favor, acorda... — Abby estava desamparada. Sabia que sua vida estava nas mãos de Ellie e como isso terminaria.
Ali, olhando para Abby, Ellie sentia como se estivesse na praia de Santa Barbara, afogando Abby prestes a matá-la, como achava que deveria ter feito. Então Joel novamente apareceu na sua mente, exatamente como da última vez, sentado na sacada de sua casa, com sua jaqueta marrom e cabelos grisalhos, tocando seu violão. Só que dessa vez, ele levantou, largou o violão, andou em direção à Ellie e gritou:
— Mata ela, Ellie! Me vinga!
Abby viu o rosto de Ellie mudando, sabia o que isso significava. Talvez ela merecesse isso, talvez fosse o preço a se pagar por ter matado o pai de consideração dela. Não aguentava mais lutar, não tinha mais pelo o que lutar. Abby apenas fechou os olhos e deixou uma lágrima escorrer, aceitando seu final. As mãos trêmulas de Ellie se firmaram, ela fechos os olhos, soltou um grito que veio das profundezas de sua alma e...
Apertou o gatilho.
Uma rajada de sangue pintou o carpete. Ellie largou a arma ao lado do corpo de Abby, baixou sua cabeça e se curvou um pouco para frente, levemente encolhida. Parecia saber o que acabara de fazer, seu semblante derrotado e um choro baixo como um murmúrio de seu espirito em lamentação.
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— Ha ha... ha ha... HAHAHAHAHAHAHA! — gargalhava Víbora com gosto. — Não acredito?! Você... ha ha ha... Parabéns, Ellie! Você terminou o que devia ter feito em Santa Barbara. Você é realmente a BEEEESTA RUIVA HAHAHAHAHAHAHA! — ria com gosto e com os braços abertos em vitória observando Ellie cabisbaixa.
BLAM!
A cabeça de Víbora foi estourada por uma bala de revólver e seu corpo caiu pesadamente ao chão, com os braços abertos e sorriso ainda no rosto. O tiro veio da mão de Abby, que pegara a arma que Ellie havia largado estrategicamente ao seu lado, e mirou em Víbora pelo espaço que Ellie liberou ao baixar sua cabeça e se inclinar.
Ellie saiu de cima de Abby e deitou ao seu lado. Sua mão estava sangrando muito pois havia um buraco nela. Ellie havia atirado na própria mão para que Víbora achasse que o sangue jorrado fosse da cabeça de Abby.
Ambas ficaram ali, deitadas em silêncio por um tempo, apenas respirando, grunhindo de dor e absorvendo tudo que havia acontecido.
— Por... por que não me matou? — perguntou Abby, olhando pro teto.
Ellie demorou a responder. Estava segurando sua mão com força enquanto deixava lágrimas de dor, cansaço, desespero e, enfim, alívio, escorrerem de seu rosto.
— Foi Joel quem me impediu de te matar em Santa Bárbara... Não tava fazendo sentido ele gritando pra te matar agora.
Abby não entendeu muito bem o que ela quis dizer com isso, mas um ponto lhe intrigou e ela questionou retorcendo o rosto:
— Pera... Então você tava fingindo o tempo todo?
— ... Mais ou menos... — murmurou Ellie.
Mais alguns segundos em que nenhuma delas se pronunciou. Até que Abby continuou:
— Cara... Eu te odeio tanto, sabia?
Ellie deixou escapar uma risada, fechou os olhos e lembrou novamente de Joel na sacada tocando violão e a observando com amor e ternura.
— É... eu também.
——— Continua ———
Finalmente tivemos o desfecho de Víbora. O que acharam da luta? E a carga emocional? Ellie e Abby estão em seus limites, mesmo com Víbora morta, precisam achar um meio de conseguirem fugir de Jackson. Ainda não acabou! O próximo capítulo será mais uma edição especial com muitas páginas pra leitura (por conta disso, só conseguirei postar no dia 24/03)
Se você é fan de The Last of Us e está gostando desta iniciativo, peço que curtam os capítulos (na "estrelinha" da parte superior de cada capítulo), comentem o que estão achando da obra, e principalmente, se puderem, ajudem a compartilhar (amigos, redes sociais, youtubers, etc).
Vamos fazer essa fic alcançar o maior numero de pessoas pra que futuramente tenhamos The Last of Us Part 3 em formato de quadrinhos =D
Obrigado mais uma vez a todos que estão lendo, curtindo, comentando e compartilhando. É muito bom poder compartilhar meu amor em The Last of Us com vocês e poder interagir com essa galera topper haha
Tamo junto!
Imagina que foda vai ser quando virar HQ. Ter referências visuais das lutas e expressões das personagens. Massa demais.
Me ajuda a fazer isso acontecer ✌🏼
Se puder compartilhar nas redes sociais, ou em algum grupo de the last que vc conheça, já salva demais
Valeus por estar acompanhando e pela correção ali em cima, tamo junto 👊🏽
Que capítulo! Só uma correção...
A tática suja funcionou, cortou o rosto de Abby em vários lugares e fez a garoto fechar os olhos para se proteger.
Só trocar a letra "o" por "a'.
Quero esse material 100% para quando for pra Hq ou livro.