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The Last of Us Part 3 - Vol. 11 - Buffet

  • Foto do escritor: Kevin de Almeida
    Kevin de Almeida
  • 4 de nov. de 2021
  • 26 min de leitura

THE LAST OF US

PARTE III

FANFIC


AVISOS E DIREITOS AUTORAIS


Esta é uma obra feita por fã e sem fins lucrativos.

Todos os direitos da marca THE LAST OF US são pertencentes à Naughty Dog.

Qualquer um pode ler esta obra de forma gratuita. Porém a detenção dos textos para divulgação desta fanfic é de única e exclusiva autoria do Autor (Kevin de Almeida Barbosa) nas seguintes plataformas:




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escritorkevindealmeida@gmail.com

@thelastofus.part3


Esta obra levou dois anos para ficar pronta. Muito tempo, trabalho, esforço, estudos e gastos (revisão, edição, capa, divulgação) foram investidos para que pudesse chegar até você de forma gratuita.

Peço que respeitem o trabalho, NÃO divulguem de forma irregular e incentivem esta iniciativa.

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Comentários tóxicos, xingamentos e palavras de baixo calão usadas com cunho ofensivo não serão tolerados. A obra tem como intuito entreter, divertir e aproximar os amantes de THE LAST OF US.

Está é uma obra de ficção. Os fatos aqui narrados são produtos da imaginação. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, locais, fatos e situações do cotidiano deve ser considerada mera coincidência

Agradeço a compreensão e respeito de todos e desejo uma excelente leitura.


Autor: Kevin de Almeida Barbosa — Instagram: @escritorkevindealmeida

Capa: Rafael Cardoso — Instagram: @r.c.dossantos

Revisão: Beatriz CastroInstagram: @beatrizcastrobooks


PS- Infelizmente estou DESEMPREGADO. Quer ajudar/incentivar o desenvolvimento desta obra? Faça um pix de qualquer valor pro e-mail escritorkevindealmeida@gmail.com e já me ajudará muito a manter este projeto em andamento. Obrigado de coração e boa leitura!



BUFFET


— Você confia nela — cochichou Lev.

— É claro que não — respondeu Abby com uma careta.

— Então por que estamos a seguindo numa cidade fantasma à noite?

— Não temos outra escolha, Lev.

— Pensei que já tivesse ido a Jackson.

— Já, mas fui por outro caminho. Levaria muito mais tempo.

— Merda! — Colocou as mãos na cintura. À sua frente, uma cratera enorme consumia a rodovia que teriam de passar.

— Beleza, toda essa caminhada pra chegar num precipício — zombou Abby. — Devíamos ter ido pelo meu trajeto.

— Seu trajeto era uma merda.

— Merda é um buraco enorme, assim como o seu trajeto e a sua cabeça oca.

— O que você disse, sua desgraçada? — Ellie avançou em direção a Abby com o peito estufado.

— Ei! — interrompeu Lev. — Acho que tem uma porta do outro lado do buraco.

Ellie observou uma enorme construção. A parte sul ficava perto deles, com uma escada grudada na parte de fora da parede dando acesso ao telhado. A mesma explosão ou deslizamento que causou a cratera, também destruíra boa parte do centro da construção, levando as paredes, chão e tetos dos três andares. Durante o dia, seria possível enxergar os cômodos internos da construção pelo buraco, mas, à noite, fora um fraco feixe de luz da Lua na borda do deslizamento, enxergavam apenas escuridão acompanhada de grunhidos distantes ecoando pelos cômodos. A parte norte da construção estava do outro lado da cratera, dando acesso à rodovia que precisavam seguir. No topo da construção, havia um Outdoor rasgado que revelava algumas palavras:

“ ...ça sua fes... ...asamen... ...ersão!”


——— Pag 1 ———


— Ali! Se passarmos por essa construção, chegaremos ao outro lado.

— Não dá, a porta de entrada se foi junto com o deslizamento. — Abby cruzou os braços.

— Talvez dê pra alcançarmos aquela escada. — Lev apontou para uma escada grudada na parede da construção.

— Isso. — Ellie tomou à dianteira, pegou uma caçamba de lixo sobre rodinhas, a empurrou à base da escada e subiu seguida por Lev e depois Abby.

Chegando ao topo, procuraram por um meio de chegar à rodovia, mas não tinha como descer.

— Vamos ter que entrar — disse Ellie puxando um alçapão no chão.

maluca? Você sabe onde a gente ?! — Abby pisou no alçapão interrompendo-a.

— Prefere pular daqui de cima? Se quiser, te dou um empurrãozinho.

— Não se faz de sonsa. Isso aqui é um Buffet.

— Um o quê? — perguntou Lev confuso.

— Um lugar onde as pessoas faziam casamentos.

— Então, deve ser um lugar horrível.

Ellie abafou uma risada.

— Não. No mundo antigo, eles não te obrigavam a casar com quem você não queria. Eles faziam grandes fes... — Ellie puxou com força o alçapão, derrubando Abby e, em seguida, entrou no Buffet, ignorando qualquer aviso.

— Essa maldita! — Abby levantou e entrou atrás dela. — Que merda foi ess...?!

— Shhiiiii! — Ellie fez um sinal com o dedo nos lábios.

Estavam no Mezanino do salão. Era extenso e com longo pé direito, provavelmente um salão de alta classe pelos enormes lustres pendurados e longas cortinas nas paredes. Um fraco feixe de luz lunar entrava pelo desmoronamento e revelava uma pequena parte dos andares, dos quais, um coro horrendo de sons de infectados ecoava. Conseguiam distinguir uma mísera parte o Mezanino, do salão de festas e o que parecia ser uma cozinha. No salão, dezenas de infectados perambulavam com suas roupas de gala, vestidos longos, ternos e gravatas. Várias mesas e cadeiras espalhadas com suas decorações quebradas e, ao fundo, um palco junto à instrumentos musicais.


——— Pag 2 ———


— E agora? — perguntou Lev que acabara de entrar.

— Deve ter uma porta no fundo do salão de festas, perto do palco. Geralmente é a conexão com a cozinha. A gente vai descendo de lá.

— Deve ter? — Abby torceu o rosto.

— Não começa, garota.

— Escuta, eu não vou seguir um plano dentro de um ninho de infectados porque você “acha” que tem uma porta lá. — Sinalizou as aspas com os dedos.

— Eu sei que tem! — Ellie se virou e rebateu o olhar de Abby.

— Como tem tanta certeza?

— Eu vi num filme. Em dois, na verdade.

— Tá de sacanagem, né?

— Vai à merda, garota! Você só reclama. — Ellie jogou os braços para cima em revolta.

— Você só tem ideia idiota.

— Eu tô tentando achar uma solução. E você, fazendo o quê?

— Impedindo você de se matar.

— Vai ter que me impedir de te matar, se continuar enchendo meu saco.

— A Ellie tem razão — disse Lev, encarando o fundo do salão.

— Como é que é?! — Abby olhou indignada.

— Tem uma porta lá. Se a gente se equilibrar pelos destroços, talvez dê pra gente passar pro outro lado sem alertar os infectados. — Ele apontou para o enorme buraco que atravessava os três andares e se estendia ao abismo. Havia uma viga ligando um lado do Mezanino ao outro, onde cortinas dançavam em meio à forte ventania que assolava o precipício.

— Você quer passar por ali?! — disparou Abby.


——— Pag 3 ———


— Que foi? Tem medinho de altura, é? — zombou Ellie. Abby não respondeu, ainda estava encarando o buraco. — Nãããão... Você tem mesmo medo de altura! — Riu sarcástica — Que patético.

— Patética vai ser sua cara depois que eu acabar com ela.

— É mesmo? — Ellie andou até a beirada do precipício e abriu os braços encarando Abby. — Vem cá provar.

Abby fechou os punhos com força. O olhar em chamas contra Ellie.

— Temos um problema. Acho que a porta tá coberta de fungos. Levaria tempo pra arrancar aquela crosta. Não tem como passar por ela sem alertar os infectados. Vamos ter que pensar em outra coisa — disse Lev, olhando ao redor, procurando outra saída.

— Eu sei como tirar aquela crosta rapidinho. Só vamos precisar de distração — falou Ellie voltando para perto deles.

— Como vai tirar uma crosta daquela tão rápido?

— Explodindo. — Colocou a mão na mochila procurando algo.

maluca?! Viu quantos infectados tem aqui?! Vai alertar todos eles. — Abby segurou no braço de Ellie.

— Quer que eu exploda sua mão também?

— Vocês não param nunca? — reclamou Lev. — Olha, dá pra gente jogar uma mesa desse corrimão e atrair os infectados para o começo do salão. — Apontou para uma escada desmoronada com um corrimão grosso levando até o salão.

— Ou a gente pode atrair os infectados pra perto da porta e explodir eles juntos. — Ellie puxou seu braço e se libertou, encarando Abby com desprazer.

— Tem muitos infectados, não dá pra explodir todos eles. A não ser que...

— Olha só... Finalmente ela vai ajudar em alguma coisa.

— Não me provoca, garota.


——— Pag 4 ———


— Ou o quê?!

— Fala logo o plano! — Olhando feio para Abby, Lev as parou mais uma vez. Seu rosto exausto das provocações.

— A gente atrai os infectados pra porta, explode alguns deles junto a crosta. Depois jogamos a mesa aqui no começo, pra atrair eles de volta pra cá.

— Isso pode dar certo. — Lev se animou.

— Espera, foi o que nós acabamos de dizer. — Ellie olhou com desprezo.

— Vocês deram ideias, eu as tornei num plano.

— Não importa quem fez o quê. Importa é que passemos por aquela porta vivos. — Lev pegou um tijolo do chão. — Toma. Consegue jogar o tijolo na porta?

— Claro.

— Sem chance. Olha a distância, não vai chegar nem na metade. — Ellie fez questão de provocá-la.

— Você já tomou um soco meu, sabe a potência dos meus braços.

— “Você já tomou um soco meu...” — disse Ellie com voz abobada e irritante — Garoto, me empresta seu arco e me dá duas flechas.

— O que vai fazer com ele? — perguntou Lev, relutante.

— Explodir a porta.

— Com uma flecha? Hunf, tá bom — duvidou Abby.

— Cuida do seu tijolo que eu cuido dos explosivos, beleza?

Lev deu o equipamento e observou atento enquanto Ellie enchia duas pontas de flechas com pólvora.

— Pronto. Guarda essa ponta, vai ser útil. — A entregou para Lev. — É melhor que esse tijolo chegue até a porta. — Seu olhar desafiou[BC1] Abby.

Abby pegou distância, colocou o tijolo no ombro, respirou fundo, pegou impulso e o lançou . Ele atravessou o salão todo e estourou em frente à porta. O som do impacto ecoou no ambiente e, em poucos segundos, infectados brotavam da escuridão como formigas brotam de um formigueiro recém pisado.


——— Pag 5 ———


Abby rotacionou o ombro olhando triunfante para Ellie, que revirava os olhos. Ellie posicionou a flecha, puxou a corda, mediu a distância, olhou para a direção que a cortina ventava, prendeu o fôlego e atirou. A flecha parecia ir na direção errada, mas o vento a corrigiu, atingindo a crosta na porta e a explodindo junto a cinco ou seis infectados.

— Uaaaaau! Vocês são incríveis — disse Lev fascinado. Ambas se encararam, foi como se o comentário tivesse queimado seus ouvidos. — Beleza, vamos colocar essa mesa no corrimão e deixar ela deslizar até o salão. Joga umas cadeiras também pra deixar eles bem focados aqui.

Os três pegaram a maior mesa que encontraram. Era feita de carvalho puro, esculpida em tribais, posicionada à frente de uma parede com uma enorme foto desbotada dos noivos. A escada até o salão desmoronou, mas seu largo corrimão de concreto estava intacto. Seus joelhos quase cederam ao levantar a mesa, mas conseguiram apoiar a mesa no corrimão, então a gravidade fez o resto. O estrondo do impacto foi quase tão potente quanto o da flecha explosiva. Os infectados se dividiram, parte vasculhando a explosão, parte indo em direção à mesa.

— Nunca pensei que desce pra ser furtivo fazendo tanto barulho. — A voz de Lev se esforçava junto a seus braços que jogavam uma cadeira no salão.

— Mas vamos ter que ser rápidos. Eles estão eufóricos. Não vai demorar muito pra perceberem que o banquete deles está fugindo — completou Ellie, jogando outra cadeira. — Acho que é o suficiente, vamos atravessar.

Lev foi o primeiro a andar pela viga. Mesmo se equilibrando sobre uma queda de aproximadamente vinte metros, e ventos que insistiam em guerrear contra seu equilíbrio, o garoto andava despreocupado como uma criança brincando na guia de uma calçada.

Abby era a próxima, precisaria andar por sete metros adiante. Como se o vento e a altura não fossem o bastante, ainda tinha a cortina que dançava zombeteira atrapalhando a visão e passagem. Suas pernas cravaram no chão como raízes de trepadeiras quando deu uma boa olhada na queda e sentiu o abismo engolindo sua mente. Abby se viu caindo infinitamente e jurou ter escutados seus próprios gritos segundos antes de sua morte na queda.


——— Pag 6 ———


— O que esperando?! Anda logo! — apressou Ellie.

Um passo lento seguido de outro passo lento. O vento incessante dificultava a respiração de Abby e suas pernas duras choravam toda vez que perdiam o contato com a viga. Outra olhada para baixo, dessa vez sentiu o abismo lhe puxando e seu corpo se desequilibrou fazendo seus braços se encontrarem à viga deixando-a em quatro apoios.

— Não acredito. Você tem mesmo medo de altura! — disse Ellie em tom zombeteiro. — Não vai cair, hein? — Empurrou a bunda de Abby com o pé.

Ao sentir o chute no traseiro, o sangue de Abby ferveu e virou um tapa com tudo para trás, tentando afastar Ellie. O problema, é que o tapa acertou muito melhor que o esperado. O calcanhar de Ellie perdeu a viga e suas costas escorregaram ao vento. Caiu com as coxas na viga, rotacionando-a em um mortal direto ao vazio do abismo. Suas mãos encontram a cortina que dançava próxima da viga e agarraram nelas com tanta força que rasgou parte com as unhas. O tecido se esticou encontrando a viga, fazendo de Ellie um pêndulo e jogando-a direto em uma mesa no salão principal, que quebrou ao meio com o impacto. Ellie estava imóvel e o barulho não passara despercebido pelos infectados exaltados.

— Ellie! — chamou Lev inutilmente.

— Droga! — Abby olhou ao redor. Ainda havia muito caminho na viga, não conseguiria atravessar e ajudar Ellie a tempo. — Lev! Atravessa e dá cobertura! — O garoto consentiu e disparou ao outro lado. Abby retornou da viga e foi à beirada do Mezanino atirar com seu rifle, mas a quantidade de infectados era absurda. Ellie começou a se mover, ainda atordoada pela queda. — Ela não vai conseguir... — Abby saiu correndo em direção ao corrimão que jogaram a mesa. — Que merda eu fazendo? — Escorregou pelo corrimão em direção ao salão e sacou sua MP5 na descida, aterrissando e atirando em um corredor de terno azul.

Ellie levou a mão na cabeça, gemendo, suas costelas e braço esquerdo estavam dormentes. Sua mente girava embriagada, mas como um balde de água fria, voltou à realidade ao ver um corredor saltando em seu colo. Forçaram-se um contra o outro, até que Ellie sacou sua faca e cortou-lhe a garganta. Levantou-se da mesa e percebeu que ela era o prato principal de uma festa mórbida de dezenas de infectados correndo em sua direção. Atirou com sua escopeta em três infectados diferentes, mas um espreitador se esquivou pulando contra ela. Mais uma vez sentia aquele hálito fúnebre até que uma flecha atravessou a garganta da criatura. Ellie olhou para cima e viu Lev dando cobertura.


——— Pag 7 ———


— Cuidado, garoto! — berrou lá de baixo.

Lev se virou no momento que um infectado tentou mordê-lo e conseguiu segurar sua boca com o arco. Nenhum deles conferiu se havia infectados do outro lado do mezanino e, infelizmente, tinha.

O salão estava infestado das criaturas, não havia como matar todas elas. Abby corria em direção a Ellie, se desviando e metralhando o que via pela frente. Ellie estava encurralada, tentava ir em direção à porta, mas era caçada em 360 graus. Sua munição se esvaia rápido até que o “click” soou junto com seu batimento cardíaco desesperado. Tentou pegar as balas para recarregar, mas foi esmurrada por um espreitador, derrubando-a em algumas cadeiras. A criatura se jogou em cima dela, contudo, Ellie deu uma coronhada no maxilar e se livrou deste, porém foi pega por dois corredores em seguida. Segurou a garganta de um deles com a mão esquerda, enquanto socava o outro com a escopeta. Mas com dois dedos a menos, sua mão não tinha a mesma firmeza de antes e deixou o corredor escapar. Sofreu uma mordida profunda na clavícula tão ardida quanto o grito que Ellie deu. O infectado mastigava a carne ainda no corpo de sua presa, que nada podia fazer, pois ainda havia outro infectado salivando em seu rosto.

Uma rajada de tiros estourou a cabeça de um dos infectados e, o que estava mordendo, recebeu uma facada que lhe atravessou o crânio. Abby tirou o corpo morto pelos cabelos e pegou Ellie pela axila a arrastando escombros a fora.

Mais infectados se aproximavam. Abby levantou Ellie em um solavanco, a jogando atrás de si enquanto atirava sem dó nos fungos ambulantes.

Ellie correu até a porta de saída. Tentou abri-la, mas apenas conseguiu um lento arrastar que arranhava o chão pouco a pouco. As dobradiças da porta ainda encrostadas de fungos. Precisaria de um tempo empurrando até que conseguisse arrastar a porta por completo.

Lev apareceu descendo as escadas como quem acabara de sair de uma luta. Seus lábios sangravam por um corte e havia sangue em sua roupa. Ellie estava a poucos metros dele.

— Explode eles! — gritou ela, ainda forçando uma passagem pela porta.

— Não dá! Vai acertar a Abby — respondeu, correndo até Abby para ajudá-la.


——— Pag 8 ———


Abby tinha pego uma perna de cadeira quebrada e a usava para se defender. Já tinha matado cerca de dez infectados, mas, mesmo assim, era como se não tivesse matado nenhum. Lev chegou ao seu lado e a ajudou atirando flechas, tentando ganhar tempo.

— Consegui! — gritou Ellie, entrando pela porta. Do outro lado, viu uma barricada mal feita impedindo a porta de abrir por completo. Então começou a fechar a porta, que se movia tão lenta quanto para abrir.

— Vamo sair daqui! — Abby empurrou Lev em direção à porta, ainda atirando.

O garoto correu até a saída e Abby foi em seguida, mas trombou um espreitador que descia silenciosamente. Ele a atacou nas pernas, derrubando-a.

— Ela caiu! Espera! — Lev ordenou à Ellie.

— Se eu parar agora, vamos ser comidos também — respondeu Ellie ainda forçando a porta.

Lev avistou um extintor de incêndio próximo a si, o pegou, correu em direção à Abby e, com um balançar extraordinário, quebrou a cabeça do espreitador com a pancada. Então ajudou Abby a levantar e ambos correram de volta à porta quase fechada.

— Aquela puta vai deixar a gente pra fora! — Abby sentiu o corpo em combustão, apertando ainda mais a corrida.

Lev entrou primeiro e Abby se esgueirou para conseguir passar com a porta ainda se fechando. Ellie fechou a entrada e empurrou alguns objetos da barricada para trancá-la. Um estrondo atingiu a porta do outro lado, grunhidos, socos e unhas arranhando uma possível entrada, mas aparentemente estavam seguros.

Com passos pesados até Ellie, Abby a derrubou em um empurrão violento.

— É assim que você me agradece por salvar a sua vida, vadia?! — Levantou o punho para um soco, mas Ellie lhe deu uma rasteira antes.

— Eu impedi os infectados de entrar aqui, sua maluca!

Abby puxou Ellie pela perna e apertou sua mordida na clavícula, fazendo-a gritar intensamente.

— Você queria deixar a gente pra fora!


——— Pag 9 ———


Ellie bateu com as mãos abertas nas orelhas de Abby, atordoando-a, em seguida a puxou pela blusa e lhe deu uma cabeçada. Abby caiu para o lado enquanto Ellie tentava se levantar, mas um murro esmagou-lhe a bochecha, derrubando-a de novo.

— Chega! — gritou Lev, apontando uma flecha para elas.

As duas se viraram para ele, uma segurando o colarinho da outra. Ellie reparou na ponta da flecha. Era a explosiva.

maluco? Que merd....

— Cala a boca! — ordenou, puxando ainda mais a corda do arco.

— O que você fazendo, Lev? Abaixa isso.

— Não! Eu cansado dessa merda! Que a Profetiza me perdoe, mas não há escritura no livro sagrado que me ajude a lidar com vocês duas. — Sua boca cuspia revolta. — A gente ia passar despercebido! Mas vocês tinham que brigar, né? Nós somos comida pros demônios que dominam esse mundo e estamos indo atrás da pior e mais cruel facção que já vi, que está literalmente nos caçando e planejando nos matar das piores formas possíveis. Mas o maior perigo de todos, sem dúvida, é a rinha de vocês.

— Ela me derrubou da viga! — Ellie empurrou Abby, tirando-a de cima de si.

— Você me chutou lá de cima — retrucou, retorcendo o nariz.

— E importa quem começou? Olha pra essa mordida! — Lev apontou para a clavícula de Ellie. — E se fosse em você, Abby? E se fosse em mim? Importaria saber quem começou?

A ferida de Ellie estava profunda e aberta. Mesmo sendo imune, podia morrer de infecção ou hemorragia se não fosse tratada logo. Abby encarou a mordida, abaixou a cabeça e fugiu do olhar fuzilador de Lev.

— Ellie, você quer salvar sua cidade, não quer? — continuou Lev. Por um instante, Ellie vislumbrou em sua mente o horror de Santa Barbara acontecendo em Jackson caso ela falhasse. — E você, Abby, quer mudar esse “mundo de merda”, né? — Abby apertou a mão na faca de Stiven. — Como querem salvar as pessoas se tudo o que pensam é matar uma à outra? Chega de agir feito crianças, se foquem no que realmente é importante.

Seu braço relaxou e desarmou a flecha explosiva. Seu corpo estava bem mais leve e sua respiração mais tranquila. Virou de costas, fechou os olhos e suspirou.


——— Pag 10 ———


— Mesmo se trabalharmos juntos, ainda é provável que acabemos mortos... — sussurrou ele.

— Não! — retrucou Abby, estava em pé olhando para Lev. — A gente vai acabar com os Cascavéis, libertar a cidade e depois exterminar essa merda de fungos. — Virou-se para Ellie, os olhares conectados. As atrocidades que fizeram uma à outra eram um pesadelo em looping em suas mentes. Abby apertou os punhos com força e o enfiou dentro da mochila. Ellie levou sua mão ao revólver se preparando, mas relaxou ao ver um kit médico saído do zíper.

— Toma. Tália me deu antes de sairmos. — Jogou no colo de Ellie. — Vamos achar uma saída.

Ellie começou a tratar de sua ferida. Eles estavam em uma sala com balcões empoeirados, talheres sujos e pratos aos cacos. Ao fim da sala, uma escada descia escuridão a dentro.

sentindo uma passagem de ar vinda daqui de baixo. Deve haver uma saída. — Abby sentia a brisa com cheiro de fruta passada. — Deve ser a cozinha. Talvez achemos alimento.

— Seria uma boa, meu estômago já está me xingando — disse Lev com a mão na barriga.

— Pronto, deu pro gasto. — Ellie se levantou, o curativo manchado de sangue estancara o ferimento, ainda doía bastante, mas precisavam continuar. Ela acendeu sua lanterna e tomou a dianteira na escada.

Os ouvidos pregavam-lhe peças, o ambiente estava quieto, mas os sons de infectados no salão de cima ecoavam por toda a estrutura. Ao descer o último degrau, se encontraram em uma cozinha com fogões, geladeiras, lava louças e outras quinquilharias, todas enferrujadas. A lanterna revelava também algumas mesas com louças apoiadas, pias cheias de água e lodo e, ao canto, um armário com alimentos apodrecidos cujo o odor ardia suas narinas.

— Está muito quieto aqui — disse Ellie, olhando ao redor.

— Por enquanto... — Lev puxou seu arco das costas. — Tinha uma barricada na porta lá em cima. Quem fez ela ainda pode estar aqui, humano ou demônio.

— Por que você chama os infectados de demônios? — Essa questão assolava Ellie já fazia um tempo.


——— Pag 11 ———


— Porque eles são, ué! — Deu de ombros.

— Mas isso não faz sent... — Ellie olhou confusa, mas foi interrompida por Abby.

— Nem perde seu tempo. Se ele entrar no papo da Profetiza você vai sentir saudades do andar de cima.

— É sério que você prefere os infectados do que ouvir a sabedoria da Profetiza? — Lev colocou as mãos na cintura.

— Ele falando daquela Profetiza que cortava as tripas da galera? — Ellie lembrou das pinturas na parede dizendo “Que ela te guie”.

— Dessa mesma.

— Ela não mandava cortar as tripas de ninguém! — confrontou Lev, irritado.

— Não, só esfolava o rosto do seu próprio povo e os mandava pra guerra. Que grande sabedoria — zombou Abby.

— Essa é a paz que ela prega? — Ellie gesticulou. — Então viva a paz mundial em que vivemos.

Ambas disfarçaram um pequeno riso enquanto vasculhavam o ambiente por suprimentos.

— Ótimo! Justo nisso vocês tinham que concordar, né? — reclamou Lev, desviando de um cadáver humano esfaqueado no chão.

Eles saíram da cozinha por um corredor com uma porta trancada e outra porta muito mais grossa com um casaco de pele pendurado nela. Abby quebrou uma faca de tesoura improvisada para destrancar a porta menor. Era um escritório com mobílias simples onde encontrou algumas balas, cartuchos e um pouco de pólvora. Após algumas misturas, estendeu a mão à Ellie.

— Toma, pela flecha que ensinou a Lev. São cartuchos de escopeta incen...

— Não preciso disso. — Ellie virou as costas e prosseguiu.

“Desgraçada maldita!” — Abby pensou, apertando com força os cartuchos em sua mão.

— Gente, olha aqui! — A voz de Lev vinha do fim do corredor. Ambas correram até ele.


——— Pag 12 ———


Um estoque com dezenas de prateleiras cheias de toalhas de mesa, álcool para esterilização dos produtos, talheres afiados, açúcar... Era como encontrar o tesouro da arca perdida. Os olhos de Abby saltaram para fora ao ver tamanho ouro.

— Agora estaremos preparados para os malditos cascáveis — disse Abby triunfante se apressando para encher a mochila. Ela andava maravilhada até que achou um esqueleto de terno com uma faca no coração e um pedaço de guardanapo no bolso do paletó. Pegou o guardanapo manchado de sangue e reparou em um texto nele à caneta.

“ ...

Eu não sei o que tá acontecendo. É como nos filmes de terror. De repente entraram aos montes abocanhando todos que estavam no meu casamento. Foi horrível. Os funcionários fug... (mancha de sangue) ...ndos e... (mancha de sangue) ...aquela merda pra não deixar que o inferno saísse daqui de dentro. Os convidados e minha família... Eu prendi no salão. O que eu poderia fazer? Já era tarde demais. Minha tia Rose e o tio Greg... Até a pequena Lucy. Que Deus me perdoe.

Eu, minha esposa, seus dois irmãos e o pai dela conseguimos nos proteger no estoque... (mancha de sangue) ...assar mal. Ele tossia e se debatia. Eu disse que se entrasse no frigorífico o frio mataria as bactérias... (mancha de sangue) ...se negou a deixá-lo sozinho e entrou lá dentro com ele. S... (mancha de sangue) ...bém entrou. Eu e meu sogro ficamos esperando do lado de fora. Que Deus tenha piedade de meus pecados.

Ouvimos gritos de dentro do frigorí... (mancha de sangue) ...edia para que seu irmão parasse. Em seguida, choro e berros. Meu sogro tentou abr... (mancha de sangue) ...rde demais. Mas o velho foi teimoso e me ameaçou com uma faca. Eu... eu não queria... Aquele idiota. Eu fui um covarde! (mancha de sangue) ...ixei minha recém... (mancha de sangue) ...orrer no frio comida por seus próprios irmãos. Eu não mereço sobreviver a isso.

O inferno veio até mim e eu me tornei o Diabo. ”

— Que horror. — Abby baixou a cabeça, o olhar frio. — No próprio casamento...


——— Pag 13 ———


— Garoto, o que você fazendo? — Ellie chamou a atenção de Lev, que estava a três metros de altura em uma das longas prateleiras de metal puxando uma caixa cheia de hastes de metal dentro, emperrada a outras caixas cheias e pesadas.

— Olha, Abby, acho que dá pra usar isso como flecha. — Mostrou uma das hastes na mão. — E essa caixa tá cheinha delas.

Ao se virar para mostrar a hastes, segurou com uma das mãos na caixa e, com seu corpo inclinado para trás, a caixa deslizou trazendo junto as demais do lado. A base da prateleira estava muito enferrujada e cedeu logo em seguida tombando em cima de outra, ficando na diagonal. Todas as caixas que nela estavam vieram ao chão. Panelas batendo, pratos e copos quebrando, talheres quicando, foi ensurdecedor.

As hastes de metal caíram sobre Lev, que estava ao chão em meio à toda a bagunça. Abby e Ellie atiraram olhares de reprovação que atravessaram o peito do garoto. Lev, envergonhado, se desculpou enquanto pegava algumas das hastes e, em seguida, um estrondo forte veio do corredor. Um estouro. Todos olharam entre si, imóveis. Sons segmentados ecoaram no estoque. Era nítido que algo estava se aproximando à medida que o som ficava mais próximo. Os “tec, tec, tec” os angustiavam já que não conseguiam enxergar perante o escuro e inúmeras prateleiras cheias. Era um verdadeiro labirinto obscuro. Os sons pararam dando início a um longo e mórbido silêncio.

Um rugido gorgolejante veio do corredor e os três olharam de supetão. Uma nuvem verde com som similar a gás efervescente de refrigerante se espalhara e, de dentro dela, duas criaturas grotescas cheias de bolhas por todo o corpo. Uma delas com um vestido longo branco-amarelado que se estendia fazendo parte do próprio corpo grotesco. Em sua cabeça, um véu cobrindo o rosto, rasgado em um dos lados revelando a boca fétida e podre. O outro era gordo, muito maior e inflamado à base de pus e fungos. Um dos braços ainda com parte do paletó e uma gravata saída de dentro do peito grotesco da criatura. A pele deles cuspia uma nuvem tóxica e ácida, e seu peso desproporcional faziam-nos andar mancando. Mesmo assim, eram mais rápidos do que aparentavam.

— Trôpegos! — alertou Abby.

— Garoto, explode os dois! — gritou Ellie.

— Não tenho ângulo daqui! — respondeu, tentando se livrar dos objetos sobre si, chutando as panelas do chão.


——— Pag 14 ———


O trôpego de vestido correu em direção a Abby. As prateleiras formavam longas fileiras com saídas apenas nas extremidades. Abby só tinha uma direção a correr e assim o fez, mas, ao chegar na beirada, a saída estava barrada por várias mesas e cadeiras empilhadas. Virou para o trôpego com sua MP5 em mãos e abriu fogo. A cada tiro, um flash de luz iluminava o local e a visão de Abby alternava entre trôpego; escuridão; trôpego mais perto; escuridão; trôpego ainda mais perto... Sabia que os tiros não estavam adiantando. Tirou algumas bandejas de uma prateleira e rolou entre ela para cair em outra fileira, saindo da frente do trôpego. Suspirou de alívio ao ver a criatura separada por uma grande estrutura de metal, mas comemorou cedo demais. A criatura se encolheu e gritou expelindo de sua pele uma nuvem ácida. Parte do vestido de noiva simplesmente evaporou e a manga da jaqueta de Abby teve o mesmo destino e, por pouco, caso não tivesse tirado a jaqueta, seu braço também o teria. O metal da prateleira se retorcia derretendo. A criatura forçou a haste com a mão, que liquefez entre seus dedos, se tornando uma passagem para onde Abby estava.

“Tec, tec, tec, tec.”

O trôpego de gravata corria desengonçado até Ellie, que jogava no chão tudo o que via nas prateleiras tentando retardá-lo. Lev correu por entre as prateleiras e subiu em uma mesa para ter visão mais ampla do estoque. Conseguiu enxergar o trôpego de gravata caindo por conta das quinquilharias jogadas no chão.

— Você é meu! — Apertou um dos olhos, mirou a flecha explosiva e puxou a corda.

“Tec, tec, tec, tec” O barulho aumentou e então um espreitador pulou em Lev. O garoto caiu da mesa e atirou a flecha explodindo uma prateleira ao lado de Ellie, derrubando-a ao chão. Vários objetos voaram com a explosão e o barulho em ambiente fechado ensurdeceu todos no recinto com um zunido que penetrava nos ouvidos como uma furadeira perfurando seus tímpanos. Lev caiu de costas no chão com o espreitador em cima dele. Tudo o que separava sua boca terrível do rosto de Lev era o arco no pescoço da criatura.

No chão, Ellie sentia a cabeça girar, estava completamente desorientada pela explosão. Sentiu um aperto em seu calcanhar, e então foi puxada pelo trôpego ainda deitado. Ela se segurou em uma base da prateleira e deu alguns chutes na criatura engravatada, mas nada adiantou. Ele pegou o outro pé dela e a puxou com mais força, mas antes de ir para baixo da criatura, Ellie conseguiu pegar uma das hastes metálicas que Lev derrubou no chão.


——— Pag 15 ———


— COME ISSO, FILHO DA PUTA! — Enfiou a haste goela abaixo do monstro, que sentiu a perfuração e largou seus tornozelos. Ela se levantou e correu até Lev.

Abby voltava pelo outro corredor, fugindo da noiva cadáver. Olhava para as paredes, procurando uma saída até que achou uma porta. “Deve ter sido por aqui que os funcionários fugiram”, ela pensou. Tentou abrir, mas estava trancada como a carta do guardanapo sugerira. Olhou para trás e viu o infectado se aproximando. “As balas de MP5 são muito leves para afetá-lo, preciso de algo mais pesado” continuou o raciocínio. “Mais pesado...” ecoava em sua mente. Como um estado de eureca, pegou na lateral de uma das prateleiras, apoiou seu pé na parede em que estava encostada e com um impulso se jogou para trás. A estrutura rangeu e logo cedeu. Metal, panelas, pratos e outras coisas desmoronaram em cima da criatura. A parede, agora livre da prateleira, revelava uma pequena janela na parte de cima, aproximadamente 80cm de largura por 40cm de altura. Um pouco de luz da Lua atravessou o vidro deixando uma faixa clara em meio à confusão no estoque.

— Achei a saída! Vão pra luz — gritou Abby.

O espreitador continuava fervoroso na briga com Lev que, apesar de estar forte o suficiente para segurá-lo, não estava o suficiente para se livrar dele. A criatura sacolejava os braços com força, acertando dois socos nas costelas de Lev, fazendo-o perder suas forças. Seu arco escapou de uma das mãos e o infectado lançou uma mordida enfadonha. Lev jogou o pescoço para o lado e por pouco não perdeu metade de seu rosto. Ele segurava a cabeça do infectado, mas sentia agora sua saliva respingando a cada mordida dura a cinco centímetros de sua orelha. Uma de suas flechas estava no chão, sua mão se esforçava ao máximo para alcançá-la, a ponta de seus dedos até relou na haste. Tentou puxar, mas não tinha o alcance necessário. O infectado ainda sacolejando os braços, acabou por acertar a flecha, jogando-a para longe. Lev furioso, virou um soco no espreitador e sentiu algumas estruturas de fungos quebrarem com a pancada na face monstruosa, isso irritou ainda mais a criatura que deu um tapa com as costas da mão no rosto de Lev, arrancando-lhe um dente. Estrelas brilharam em seus olhos desorientados e a boca dormente tinha sabor ferroso. A mão do garoto estatelou no chão e em seguida foi segurada pelo espreitador, que gritava em euforia pelo banquete esperado.

No meio da testa da criatura, saiu a ponta de uma flecha. Com uma mão na parte de trás da flecha e outra na frente, Ellie apoiou o joelho nas costas do bicho e torceu seu corpo, quebrando o pescoço da criatura. Pegou no braço de Lev e com um solavanco o colocou de pé. Ele mal entendia o que acabara de acontecer, mas estava grato por não ter virado o prato principal.


——— Pag 16 ———


— Corre pra luz, garoto! — Empurrou ele pelas costas e ambos correram até a janela. Ellie quebrou o vidro com um tiro de revólver, Lev escalara a prateleira derrubada e estava a poucos passos da saída.

Ellie olhou para trás e viu Abby se aproximando, viu também um vulto no corredor ao lado dela, o trôpego de gravata que havia levantado e corria atrás de Abby. Ela olhou a cena, encheu a boca para avisar Abby do perigo, mas... nada disse.

O infectado pegou Abby pelo braço por um espaço da prateleira e a puxou com força para seu corredor. A garota atropelou caixas pesadas de utensílios de cozinha e foi jogada de costas na armação de metal da outra prateleira. Com o teto girando e o corpo extremamente dolorido, tentou olhar para a janela e viu um pé com All-Star saindo do estoque. Nesse momento, sabia que não devia ter confiado em Ellie. Estava sozinha contra aquele trôpego e precisava pensar em algum jeito de sair de lá, porém a criatura foi mais rápida e pegou Abby pelo pé levantando-a, abrindo a boca para mordê-la. De ponta cabeça e de costas para o bicho, Abby viu uma silhueta.

— BLAM! — Seus tímpanos foram inundados pelo estouro e sua cabeça encontrou o chão duro. Sem entender muito bem o que aconteceu, escutou outro estouro e viu uma perna decepada voar pelos ares. O trôpego desmoronou no chão e sofria tentando se levantar inutilmente. Abby sentiu sua trança sendo puxada e, apesar da dor nos cabelos, o puxão a ajudou a se levantar. Finalmente viu Ellie com sua escopeta mirando no trôpego e empurrando suas costas em direção à janela.

“Não acredito que salvando essa maldita, de novo! ” — Ellie pensava enquanto recarregava sua escopeta. Abby correu para a janela e começou a escalar. Ellie foi logo atrás, porém seus pés afundaram no metal derretido da prateleira tombada que se transformava em uma espécie de massa viscosa como areia movediça. Ellie estava com os pés presos. O cheiro quente de metal derretido misturado à podridão dos fungos ácidos era tão nauseante que por duas vezes Ellie quase vomitou.


——— Pag 17 ———


— HAAAARRRRRRGGGGG!!!! — A noiva infectada ressurgiu das profundezas num salto com os braços abertos. Entulhos derretidos voaram para todos os lados, alguns acertaram Ellie, deixando marcas queimadas em sua pele. Ellie caiu no chão, mas não ficou muito tempo nele, pois sentiu-se levantada por ambos os braços. Estava encurralada pelo trôpego que a segurava e, com uma respiração funda, o corpo da criatura se inflou. Era possível ver enormes verrugas prontas para entrar em erupção como pequenos vulcões de ácido e carniça. As mãos de Ellie não alcançavam nenhuma arma e seus chutes eram em vão.

— NÃO! NÃO! — gritou virando o rosto, fechando os olhos e, por fim, prendendo a respiração.

— BLUUUUUFFFF! — A explosão de ácido efervescente tomou conta do estoque. Ellie foi jogada ao chão com força, mas não sentia seu corpo queimar. Ao abrir os olhos, viu Abby no chão, o braço direito inteiro queimado em carne viva, era possível ver seus músculos fervilhando em bolhas. Ela havia se jogado de encontro ao trôpego, e tomou boa parte do impacto da explosão. Estava no chão agonizando e se contorcendo. O trôpego caíra próximo, mas se levantara como se não tivesse sofrido dano algum. Seu vestido de noiva fora quase totalmente derretido, sobrando apenas parte do véu e vestígios da saia que queimava e sumia gradativamente em cinzas esverdeadas.

— Ellie! — Abby colocou a mão saudável no bolso e jogou um saquinho para ela.

Ellie pegou e ficou surpresa ao ver o conteúdo. O infectado, já em pé, marchou de encontro a Abby.

“Tick, Tick” — fez o recarregar da escopeta.

na hora do divórcio! — Ellie atirou balas incendiárias de escopeta na criatura e como fogos de artifício, estouraram a massa grotesca de carne. Imediatamente, o local se iluminou pelas chamas bruxuleantes que dançavam consumindo os fungos da noiva, que gritava feito uma sirene monstruosa. Mais dois tiros e o tórax se transformou em uma enorme fogueira fedida. A criatura cambaleou por alguns segundos e caiu inerte ao som de estalos flamejantes.

Ellie ajudou Abby a se levantar e a apoiou em seu ombro.

— “ na hora do divórcio?!” Jura? — Abby se esforçou, a voz dolorida e um dos olhos fechados.

— Não podia deixar essa passar — respondeu, a ajudando a sair finalmente daquele terrível Buffet.


——— FIM ———

E aí galera, o que acharam deste capítulo onde Ellie e Abby tem que trabalhar juntas? Acham que elas vão se dar bem alguma hora ou vão continuar tentando matar uma à outra? E Lev, o que estam achando dele na participação da obra? Deixem seus comentários pois isso incentiva muito o meu trabalho.


PS- Preciso de ajuda na divulgação!


Galera, como vocês sabem, faço a obra de graça com o maior carinho pra vocês. Porém, estou tendo dificuldades para fazer tudo sozinho. Preciso de ajuda com divulgação, seja em insta, face, twiter ou qualquer meio que seja de preferencia de vocês. Peço de coração que ajudem a fazer essa obra crescer para que eu possa continuar escrevendo os capítulos com tanta dedicação e esforço pra vocês. Se quiserem, podem entrar em contato comigo por email ou insta. E se não quiserem entrar em contato, apenas divulgar em algum grupo, rede social ou pra algum amigo já me ajuda bastante.


Agradeço a compreensão, ajuda e carinho de todos =D

2 comentarios


Ana Carolina C. Silva
Ana Carolina C. Silva
04 nov 2021

Que legal ! gostei bastante, eles ajudando um ao outro .... acho que daqui pra frente os 3 juntos vão trabalhar bem em equipe. Ellie , Abby e Lev tem muito potencial e eles com certeza vão conseguir terminar a missão .

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Kevin de Almeida
Kevin de Almeida
05 nov 2021
Contestando a

Haha foi interessante ver a interação deles né. Nós próximos capítulos vão desenvolver mais essa relação. Essa equipe improvável vai ter uns desafios dignos das habilidades deles

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