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The Last of Us Part 3 - Vol. 10

  • Foto do escritor: Kevin de Almeida
    Kevin de Almeida
  • 28 de out. de 2021
  • 14 min de leitura


THE LAST OF US

PARTE III

FANFIC

AVISOS E DIREITOS AUTORAIS


Esta é uma obra feita por fã e sem fins lucrativos.

Todos os direitos da marca THE LAST OF US são pertencentes à Naughty Dog.

Qualquer um pode ler esta obra de forma gratuita. Porém a detenção dos textos para divulgação desta fanfic é de única e exclusiva autoria do Autor (Kevin de Almeida Barbosa) nas seguintes plataformas:



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escritorkevindealmeida@gmail.com

@thelastofus.part3


Esta obra levou dois anos para ficar pronta. Muito tempo, trabalho, esforço, estudos e gastos (revisão, edição, capa, divulgação) foram investidos para que pudesse chegar até você de forma gratuita.

Peço que respeitem o trabalho, NÃO divulguem de forma irregular e incentivem esta iniciativa.

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Comentários tóxicos, xingamentos e palavras de baixo calão usadas com cunho ofensivo não serão tolerados. A obra tem como intuito entreter, divertir e aproximar os amantes de THE LAST OF US.

Está é uma obra de ficção. Os fatos aqui narrados são produtos da imaginação. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, locais, fatos e situações do cotidiano deve ser considerada mera coincidência

Agradeço a compreensão e respeito de todos e desejo uma excelente leitura.


Autor: Kevin de Almeida Barbosa — Instagram: @escritorkevindealmeida

Capa: Rafael Cardoso — Instagram: @r.c.dossantos

Revisão: Beatriz CastroInstagram: @beatrizcastrobooks


PS- Infelizmente estou DESEMPREGADO. Quer ajudar/incentivar o desenvolvimento desta obra? Faça um pix de qualquer valor pro e-mail escritorkevindealmeida@gmail.com e já me ajudará muito a manter este projeto em andamento. Obrigado de coração e boa leitura!



REENCONTRO

PARTE 2


— Quer dizer que já existiam escritos antes da Profetiza? — perguntou Lev, entusiasmado.

— Claro que sim. Dezenas de livros com escritos sagrados — respondeu Tália.

— Dezenas?! — Arregalou os olhos.

— Sim. Cada cultura tinha o seu. Os escritos tinham lá suas diferenças, mas, no fundo, cultuavam a mesma coisa. Só que cada um do seu jeito.

— Uaaaau! Que incrível. Escutou isso, Abby?

— Sim, Lev, dezenas de livros sobre energias imaginárias e blá, blá, blá. — Abby revirou os olhos. Caminhava logo atrás de Lev e Tália. Ambos não paravam de conversar sobre religião.

— Essas energias imaginárias te salvaram do túnel — disse Tália.

— Você nos salvou do túnel — retrucou Abby desgostosa.

— E como explica eu estar passando no túnel na mesma hora que vocês foram atacados?

— Ahn... Coincidência?! — respondeu irônica.

— Não existe coincidência, Abby. Isso é a vontade de Deus.

— Eu mereço! — bufou Abby irritada.

— Chegamos. — Tália apontou à frente.

— Mas aqui só tem aquelas plantas com fungos, até onde consigo ver. — Lev se esticou na ponta dos pés.

— Lembra do que eu te disse quando saímos?

A fé enxerga além da visão — disseram ambos em coro e riram logo em seguida.

— Eu devia ter morrido naquele túnel. — Isso era tortura mental para Abby.


——— Pag 1 ———


— Olha, tem um corredor escondido por aqui. Minha casa fica ao fundo.

— Corredor?! — Lev puxou seu arco e se aprontou.

— Não, garoto, este é outro tipo de corredor. Um que não pode te comer — respondeu Tália sorridente.

Eles andaram por alguns minutos até chegarem na casa. Tália abriu a porta e entrou primeiro, trotando como uma criança ansiosa a mostrar seus novos amigos.

— Cerejinha, cheguei! — Ninguém respondeu. — Cereja?

— Acho que não tem ninguém em casa — disse Abby.

— Estranho.

— Será que tá tudo bem com ela? — Lev se preocupou.

— Está sim, ela é durona demais pra acontecer algo com ela. Venham, aposto que faz tempo que não sentam em um sofá fofinho desses. — Tália os levou para sala e se sentou.

— Nossa, é bem melhor do que os sofás que os Serafitas faziam com feno. — Lev se jogou com gosto.

— Lev! Tenha modos! — Abby o repreendeu.

— Relaxa, fiquem à vontade. Não é sempre que eu e Michely recebemos visitas.

— Era pra Michely estar aqui também? — Abby se esparramou no sofá.

— Não, apenas minha irmã e o bebê. Michely ficou na estufa em Jocksford.

— Estufa? O que é isso? — perguntou Lev afundando no estofado.

— É um lugar feito para cultivar vários tipos de plantas. Parece uma casinha transparente.

— Mas por que não plantam nos campos?

— Por conta dessa praga que tomou o solo. Ela destruiu a terra. Nada cresce aqui. Conseguimos improvisar uma pequena estufa aqui nos fundos, mas não é o suficiente para produzir comida em abundância. Por isso, de tempos em tempos, viajamos até lá para abastecer o estoque. Michely ficou trabalhando lá.

— Vocês são bem preparadas — elogiou Abby.


——— Pag 2 ———


— A gente se dá bem juntas. Michely é incrível. Espero que conheçam ela um dia.

Um barulho de porta ecoou no aposento. Eles olharam para a porta da frente, mas nada viram. Escutaram vozes ao fundo e automaticamente Abby levou a mão ao revolver.

— Relaxa, deve ser minha irmã na porta dos fundos. — Tália andou até a cozinha. — Cerejinha, é você?

— Oi, Tália! Que bom que chegou! Quero te apresentar uma amiga.

— Jura? Também trouxe visitas. — Riu alegre. — Hoje teremos a mesa cheia.

Tália chegou à cozinha, sua irmã estava com o bebê no colo e uma garota ruiva ao lado. Abby e Lev chegaram em seguida e quando todos se encontram, o clima mudou imediatamente. Era como se a gravidade do lugar tivesse aumentado dez vezes e o ar se recusasse a entrar em seus pulmões. Todos ficaram em silêncio absoluto. Com exceção de Tália, os corações de todos pararam de bater por um segundo e, em seguida, bateram rápido como cilindros de um carro de corrida.

— Vocês já se conhecem? — perguntou Tália, mas todos continuaram em silêncio.

Estavam na cozinha Tália, Abby, Lev, Dina, JJ e Ellie.

Ellie olhou para sua arma em cima da mesa. Abby reparou seu olhar e tentou advertir:

— Não faça is...

Antes que pudesse concluir, Ellie pegou o revólver e disparou contra Abby, que pegou cobertura na quina da parede da cozinha com a sala, junto a Lev. Tália sentiu uma descarga de adrenalina no corpo e, em segundos, pegou seu revólver e tomou cobertura ao lado de Abby. Dina foi para trás da parede da cozinha ao lado da lavanderia. JJ estava no seu colo, abriu o berreiro e as lágrimas jorraram.

— EU DEIXEI VOCÊ VIVER SUA DESGRAÇADA! — Ellie tombou a grande mesa de madeira e escondeu-se atrás dela. Começou a suar, sua respiração ofegante e meio sufocada. Fechou os olhos e puxou mais ar. A imagem de Joel ensanguentado segundos antes de ser morto por Abby voltou à sua mente, fazia meses que não se lembrava dessa cena. O revólver tremia em suas mãos, como se fosse uma iniciante se preparando para seu primeiro combate.


——— Pag 3 ———


— DEIXA MINHA IRMÃ E O BEBÊ EM PAZ SUA MALUCA! — vociferou Tália. Não parecia mais a mulher dócil e religiosa.

— Quê?! Eu tô protegendo eles! — retrucou Ellie.

— EU NÃO VIM TE MATAR! — gritou Abby, o revólver na mão. Ela sabia que precisava da garota viva, mas isso não diminuía sua vontade de matá-la pela morte de seus amigos. As cicatrizes causadas em seu último encontro formigavam como se seu corpo relembrasse o embate mortal que tiveram.

— Ah tá, conta outra! — Ellie foi para a beirada da mesa e firmou as mãos no revólver.

Dina estava abraçada com JJ, tampando-lhe os ouvidos, enquanto ele chorava de soluçar. Lev sacara seu arco e preparava uma flecha.

— A gente só veio conversar! — disse Abby.

Ellie olhou para Dina e se lembrou de Jesse sendo baleado no rosto.

— VAI SE FODER! — Ellie abriu fogo. Os tiros destruíram a quina da parede, esfarelando sua lateral e tomando o ar com pó de cimento.

O sangue de Abby ferveu e ela atirou de volta. Os tiros estouraram a janela da cozinha, fazendo nevar cacos de vidros brilhantes refletidos na luz. JJ chorava ainda mais alto, esperneava em crise no colo de Dina, que o abraçava ainda mais forte.

— PAREM VOCÊS DUAS! — gritou Lev. — Ellie, eu vou sair com as mãos pra cima.

— O que você fazendo?! — Abby o segurou pelo pulso, mas o garoto puxou o braço e se libertou.

— Não viemos te matar. — Lev saiu da cobertura, as mãos desarmadas para cima.

— NÃO ATIRA, ELLIE! — Abby estava desesperada com a ideia estúpida de Lev. Não queria arriscar perder mais um amigo para Ellie, mas tinha que confiar em Lev.

— Joga sua arma, Abby! — ordenou ele.

— O que você f...

— Joga logo a porra da arma! — a pressionou. Abby sabia que quando Lev falava palavrões, era porque a coisa estava realmente séria. Então, jogou sua arma para o outro lado da cozinha. Ellie viu o revólver se chocando com o fogão. — A gente não veio brigar, eu juro!


——— Pag 4 ———


— Abaixa a arma, garota! — gritou Tália.

— Abaixa você! — retrucou Ellie.

— Ela é minha irmã, Ellie, abaixa a droga da arma! — ordenou Dina.

— Ela com a Abby! — insistiu a outra.

— Precisamos da sua ajuda! — continuou Lev. — Temos uma chance de mudar as coisas.

— Do que você falando? — Ellie apontou a arma para Lev, em seguida para a parede onde estava Tália e Abby.

— Uma cura! — disparou Abby.

— O... O quê? — Ellie torceu o rosto.

— Você ainda pode salvar esse mundo — continuou Abby.

As mãos de Ellie fraquejaram por um instante. Um emaranhado de memórias nubladas do hospital de vagalumes e de Joel violaram sua mente.

— Eu estava numa base remanescente de vagalumes quando um neurocientista chegou. Ele disse que ainda é possível produzir uma cura. Se... você voltar com a gente. — Abby saiu da cobertura com as mãos desarmadas para o alto e Ellie mirou imediatamente nela. Suas mãos tremiam, mas não vacilavam, o dedo coçando no gatilho. Era apenas um movimento e toda essa história acabava.

— Mentira! A única pessoa que podia fazer a cura está morta. Eu escutei no gravador! — Deu um passo à frente, a arma mirada no coração.

— E ela está. Sei disso porque era meu pai. Ele ia te operar, mas Joel matou ele antes. — Mais um turbilhão de pensamentos invadiu a cabeça de Ellie mais rápido do que podia processar. — Se Joel não tivesse ferrado com tu..

— NÃO OUSE FALAR DO JOEL! — Ellie se enrijeceu e mirou no meio do rosto de Abby.


——— Pag 5 ———

— CHEGA DESSA PORRA! NÃO AGUENTO MAIS ESSA NOVELA! — Dina saiu da cobertura, JJ ainda chorando. — Abby, você é uma puta desgraçada que veio até nossa cidade se vingar do Joel. Ellie, você é uma puta desgraçada que me largou pra se vingar dela. Vocês são duas putas desgraçadas e vingativas! Eu viajei quilômetros e quilômetros com meu filho de colo pra me livrar dessa merda toda e agora as duas reaparecem do nada, destroem minha casa num tiroteio, e ficam de putaria sobre o passado! CHEGA DESSA MERDA! VOCÊS QUEREM SE MATAR? POIS SE MATEM! MAS FAÇAM ISSO FORA DA MINHA CASA!

— Dina... — Ellie abaixou a arma.

— AGORA! — Apontou o dedo para a saída.

— Oôh! Já vi que tem muito carma mal resolvido aqui. — Tália saiu da cobertura e guardou sua arma. — Abby, me dê sua mochila com armamento. — Abby relutou por um instante, encarando o revólver de Ellie. — Anda, a mochila. — Contrariada, Abby lhe entregou. Lev já estava desarmado.

Tália foi até Ellie.

— Você, esquentadinha, as armas. E não me faça pedir duas vezes. — Ellie se sentiu intimidada de um jeito estranho, não como um predador intimida sua presa, mas sim como uma mãe intimida uma criança, então lhe entregou seu armamento. — Dina, sobe pro quarto.

— Não vou sair da minha casa por conta dessas duas. Elas que saiam.

— Da nossa casa, Dina. Mamãe nunca ensinou a expulsar as visitas de casa. Lembra o que ela fazia quando a gente brigava?

— Conversa na mesa. — Dina bufou, revirando os olhos.

— Isso mesmo.

— Mais fácil conversar com um estalador — resmungou Abby.

Cê tá querendo morrer?! — Ellie estufou o peito.

— Tenta a sorte vacilona! — Abby não recuou.

— CHEGA! Parecem duas crianças. O garoto aqui tem mais maturidade que vocês duas. — Talia apontou para Lev. — Você quer a bendita cura de sei lá o quê, não quer? — Olhou para Abby. — E você, “age antes e pensa depois”. Ellie, né?! Do jeitinho que Dina descreveu. Você tem sorte de eu deixar você ficar na minha casa em vez de te expulsar aos pontapés. Agora me ajudem logo a levantar a mesa e sentem-se.

Abby agachou-se para a tarefa, mas Ellie virou o rosto e cruzou os braços.


——— Pag 6 ———

— Prefere rebocar a parede que estourou? — Tália colocou as mãos na cintura e fuzilou Ellie com o olhar.

Totalmente contrariada, Ellie arrumou as cadeiras em volta da mesa e se sentou.

— Quer se juntar a nós, Dina?

— Estou bem aqui — respondeu, acalmando JJ, mas continuou próxima para ouvir a conversa.

— Abby, começa de novo. O que é essa “cura” que eu não entendi? — Apesar da situação tensa, Tália estava curiosa para entender o que estava acontecendo.

Lev estava sentado ao lado de Abby, atento à história. Eles nunca haviam conversado sobre isso, então o interesse do garoto era grande. Abby respirou fundo e começou.

— Meu pai fazia parte de um grupo chamado Vagalumes. Eles “procuravam uma luz” pra esse mundo bizarro. Cinco ou seis anos atrás, ouvimos boatos de uma garota imune à infecção dos fungos. A garota foi levada até meu pai, que era neurocirurgião, e ele confirmou. Ela é a garota. — Apontou para Ellie.

— Imune?! — Tália virou estupefata para Ellie e depois para Dina, que confirmou com a cabeça. — Garota... Você é um milagre ambulante. — Ellie virou o rosto e manteve-se quieta.

— Meu pai ia fazer uma operação nela pra tentar produzir uma vacina, mas o procedimento iria matá-la. Joel a tirou de lá e matou a maioria dos vagalumes na instalação, incluindo meu pai.

Com os punhos fortemente cerrados, Ellie cruzou os braços e evitou contato visual. Seus dentes rangiam tão forte que todos na cozinha conseguiam escutar. Mas seus olhos... Seus olhos lacrimejavam, olhando perdidos para uma memória melancólica distante.

— Depois que resolvemos isso... — continuou Abby.

— Depois que vocês mataram ele, você quis dizer. — Ellie socou a mesa.

— Ele mereceu isso.


——— Pag 7 ———


— SUA FILHA DA PUTA! — Ellie se exaltou e tentou alcançar Abby por cima da mesa, mas Tália a segurou. — Eu devia ter matado você e todos os seus amigos! — disse olhando para Lev. Um tapa estalou alto e forte no rosto de Ellie. Tália a encarou como uma mãe repreende seu filho.

— Não vou admitir que ameace um convidado sob meu teto! Ouviu bem?! — Ellie sentou desconcertada, ainda sem entender o tapa. — Eu entendo, vocês desgraçaram a vida uma da outra. E tudo isso foi resultado da ação de um homem que já não está mais aqui. Mas vocês estão! E, pelo visto, há esperança de fazerem algo bom para humanidade. Então na hora de superarem o que aconteceu e seguir adiante. Afinal, quem vive de passado é museu, não é mesmo?

As duas não pareceram engolir a conversa de Tália. Abby continuou:

— Umas semanas atrás, apareceu um outro neurocientista, amigo do meu pai. Ele disse que com certas anotações e a ajuda de Ellie, ele pode produzir uma cura.

— Com a “ajuda” ou com a “morte” de Ellie? — disparou Dina, JJ finalmente calmo em seu colo.

— Isso eu não sei. — Abby pausou. — Mas é provável.

O cômodo ficou em silêncio por um momento.

— Como posso saber que é verdade? — Ellie encarou Abby, olhos frios e psicóticos. Abby podia sentir seu desejo insano de despedaçá-la com as próprias mãos. — Vocês dois aparecem atrás de mim do nada com uma história elaborada dessas. Difícil de acreditar.

— Não viemos só nós. — Lev tomou a voz. — Estávamos num esquadrão com 25 soldados.

— O que aconteceu com eles? — perguntou Tália.

— Massacrados pelos Cascavéis — respondeu Abby seca, o rosto abatido. — Somos os únicos sobreviventes.

— Por isso vocês tiveram a ideia idiota de entrar no túnel — concluiu Tália.

— Sim, a gente tava fugindo deles — disse Lev.


——— Pag 8 ———


— Ooôh... você disse Cascavéis? Aqueles de Santa Bárbara? O que eles estariam fazendo por aqui? — perguntou Ellie desconfiada.

— Procurando você! — Abby retornou o olhar vingativo. — Eles te chamam de “A Besta Ruiva”, a selvagem que trucidou a maioria do bando deles. — Dina encarou Ellie, seu olhar deixava claro o que pensava sobre isso e, então, virou de costas. — Parece que é de família — provocou.

— Quem dera eu pudesse voltar no tempo, assim seus ossos ainda estariam naquela estaca — retrucou Ellie.

— É... mas não estão. Muito obrigada — respondeu irônica.

Ellie levantou de sopetão, virou as costas para a mesa e se apoiou na pia.

— Ainda bem que você está aqui e não em Jackson — completou Lev. Abby fechou a cara na hora, sabia que Lev não devia ter falado isso.

— Como é que é? — Ellie tornou para a mesa novamente.

— Estávamos indo para Jackson , atrás de você — continuou Lev. — Os Cascavéis descobriram isso, estão indo à sua procura.

— Não... — Ellie encarou o vazio por um instante, os olhos rebatendo em um raciocínio frenético, então se dirigiu rápida para a sala.

— Onde você vai, garota? — perguntou Tália.

— Pra Jackson — disse, pegando suas coisas.

— Você não entendeu. Eles querem te matar! Você não pode simplesmente ir até eles. — Abby foi atrás dela.

— Não só posso, como vou! — Ellie colocou a mochila nas costas e se virou para a porta, mas Abby estava em seu caminho.

— Não vou deixar você fazer isso. — Abby estufou o peito.

— As coisas não acabaram bem pra você na última vez — provocou Ellie, chegando mais perto.

— Pelo que eu saiba, estamos empatadas. — Abby aproximou o rosto ao de Ellie.


——— Pag 9 ———


— Melhor de três, então, vadia. — Ellie pôs a mão no revólver.

— Vocês não conseguem ficar um minuto sem tentar matar uma à outra? — Tália entrou no meio das duas. — Ela tem razão, Ellie. A esse momento, os tais Cascavéis já devem estar chegando em Jackson. Você não vai chegar antes deles.

— Não vou, mas posso ajudar os escravos.

— Escravos? — indagou Tália confusa.

— Eu conto ou você conta? — Ellie encarou Abby, que respondeu em seguida.

— Eles não matam todos. Deixam boa parte pra trabalharem como escravos. E quando se cansam, transformam em infectados para usar como “cães de caça”.

— Isso... Isso é horrível... — respondeu Tália indignada.

— Não vou deixar que Jackson seja escravizada por minha causa.

— Você é a cura! Vai salvar o mundo todo. Não posso arriscar perder isso numa missão suicida — afirmou Abby.

— Eu tenho um bom histórico em voltar de missões suicidas.

Lev olhou para toda a situação sem saber o que fazer.

— Tudo bem. Vamos pra Jackson, então — afirmou Abby.

— Quê?! Não, não, não! Você não vem comigo.

— Já disse, preciso de você pra fazer a cura. Vou garantir que retorne viva.

— Não preciso da sua proteção.

— E eu não preciso da sua permissão.

— Isso não vai ser nada fácil... — Lev colocou as mãos no rosto de saco cheio das provocações das duas.

— Bom, então estamos decididas — afirmou Tália. — Comam alguma coisa, descansem bem e amanhã começa a jornada de vocês.

— Ela não vai comigo! E eu vou agora — definiu Ellie. — Quanto mais eu espero, mais pessoas morrem em Jackson.


——— Pag 10 ———


— Deus... tudo bem. Só me deixa separar munição e comida pra vocês. — Tália saiu aos trotes.

— Você não tem escolha. E eu conheço os Cascavéis melhor que você. Se quer mesmo salvar seus amigos, vai precisar da minha aju.. — Abby foi interrompida por Ellie.

— Cala a boca. Se não se lembra, você foi a escrava deles e eu fui a carrasca.

— E por conta disso sua cidade vai ser destruída. Parabéns!

Ellie fechou o punho em raiva e lançou um soco contra Abby, que apartou com o braço e a agarrou iniciando uma briga.

— Que merda! Parem, vocês duas! — Lev entrou no meio e as separou da maneira que pôde. — A gente vai com você, Ellie, te ajudamos a salvar sua cidade e depois você nos ajuda a acabar com os demônios.

— Demônios? — indagou Ellie confusa.

— Infectados — respondeu Abby, olhando para Lev sem paciência.

Ellie encarou ambos furiosa, mas um senso moral no fundo de sua mente lhe incomodava como apontadas agudas. Riley, Marlene e Joel eram algumas das apontadas sussurrantes em sua cabeça.

— Vocês! — Ellie olhou para Lev e Abby. — Não me atrapalhem!

— Te atrapalhar? Você já faz isso muito bem sozinha — retrucou Abby.

— Que a Profetiza me dê paciência pra lidar com essas duas. — Lev fez a prece baixinho.

Ellie caminhou até Dina.

— Viu, outra oportunidade de se matar, né? — disse Dina, olhando para Ellie.

— Dina... Eu...

— Tudo bem, você sempre foi assim. Gosta de estar entre a vida e a morte. — Balançou o JJ em consolo. — Só promete que vai salvar todo mundo, ?

— Eu prometo. — Ellie relutou um pouco, mas se arriscou e beijou o rosto de Dina, que ficou em um meio termo entre permitir e negar o afeto. Sua cara dolorosa com mais um abandono, porém forte, pois dessa vez não havia criado expectativas. Ellie deu um beijo na testa de JJ e saiu da casa.

— Ei! — Dina chamou atenção de Ellie. — Não morra!

— Ainda não — respondeu cabisbaixa, um sorriso melancólico.


——— FIM ———


E aí galera, o que acharam desse encontro? Esperavam que ia terminar assim? Quais suas teorias para os próximos capítulos? Acham que elas vão se dar bem alguma hora ou vão continuar brigando o tempo todo?


PS- Infelizmente estou DESEMPREGADO. Quer ajudar/incentivar o desenvolvimento desta obra? Faça um pix de qualquer valor pro e-mail escritorkevindealmeida@gmail.com e já me ajudará muito a manter este projeto em andamento. Obrigado de coração e boa leitura!

6 Comments


Moon &Soon
Moon &Soon
Apr 19, 2022

Cap sensacional, essas duas vão acaba se matando eu se amando no final hahah

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Kevin De Almeida
Kevin De Almeida
Apr 19, 2022
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Hahahaha é bem por aí, nos dois

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gking3190
gking3190
Apr 18, 2022

Cara isso é incrível! Me dá vontade de ver isso num jogo!! Você realmente capturou a essência dos personagens, lembrou da Riley, e a Abby ficou bem mais fácil de ser compreendida, aqui da pra sentir tão bem quanto no jogo o quanto a Ellie mudou.

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Kevin De Almeida
Kevin De Almeida
Apr 19, 2022
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Isso num jogo ia ser foda demais né. Aquelas cutcenes que a gente fica triste quando acaba e tem que voltar a jogar haha

E valeus os elogios, estudei muuuito os personagens antes de começar a escrever pra respeitar a personalidade deles e o desenvolvimento de cada um. Bom saber que deu certo hehe ✌🏼

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Ana Carolina C. Silva
Ana Carolina C. Silva
Oct 29, 2021

Acho que deveriam esquecer essa historia de cura , o mundo já está todo ferrado mesmo. Espero que a Ellie fique viva. Tentar encontrar uma cura agora depois de tudo que aconteceu , não faz sentido . Todas a perdas seriam em vão... Isso é o que eu acho , estou confusa e não tenho ideia do que vai acontecer.

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Kevin de Almeida
Kevin de Almeida
Oct 29, 2021
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haha complicado tudo isso né. Eu acho que a cura ainda é valida. Para Abby, seria honrar seu pai; para os vagalumes, seria finalmente cumprir o propósito para qual foram criados; para Ellie, isso já é mais complicado, uma vez ela quis isso, mas e agora?


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